ATA DA PRIMEIRA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 30.06.1997.

 


Aos trinta dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Paulo Brum, Renato Guimarães e Sônia Santos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Dib, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Tereza Franco. À MESA foram encaminhados: pela Vereadora Anamaria Negroni, 06 Pedidos de Providências; pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Dib, o Pedido de Informações nº 109/97 (Processo nº 2033/97); pelo Vereador Nereu D'Ávila, o Pedido de Informações nº 108/97 (Processo nº 2017/97); pela Vereadora Sônia Santos, 01 Pedido de Providências. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 154/96. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal, de autoria do Vereador Guilherme Barbosa, solicitando alteração na ordem de apreciação dos projetos constantes da Ordem do Dia e foi apregoado Requerimento do Vereador João Motta, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossada na Vereança a Suplente Maristela Maffei, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Constituição e Justiça. Após, face a Requerimento verbal do Vereador Fernando Záchia, foi feito um minuto de silêncio em memória do Deputado Federal Ivo Mainardi, falecido no dia vinte e nove de junho do corrente. Em continuidade, a Vereadora Tereza Franco registrou seu pedido de desculpas ao Vereador José Valdir, por ter se dirigido de forma ríspida à Sua Excelência durante a Qüinquagésima Quinta Sessão Ordinária. Ainda, foram apregoadas as Emendas de nºs 03, de autoria do Vereador Luiz Braz, 04, de autoria do Vereador Adeli Sell, e 05, de autoria do Vereador Antonio Hohlfeldt, apostas ao Projeto de Lei do Executivo nº 23/97, e foram aprovados Requerimentos de autoria dos Vereadores Luiz Braz, Gerson Almeida e Antonio Hohlfeldt, solicitando a dispensa do envio das Emendas acima referidas, de nºs 03, 04 e 05, respectivamente, para apreciação por Comissões Permanentes da Casa. Também, o Senhor <D>Presidente registrou a presença da Professora Sofia Cavedon, Secretária Substituta <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>da Educação do Município. Em continuidade, respondendo a Questões de Ordem dos Vereadores Luiz Braz e Reginaldo Pujol, o Senhor Presidente informou que as Emendas nºs 01 e 02 ao Projeto de Lei do Executivo nº 23/97 não serão votadas, por terem recebido Parecer desfavorável das Comissões Permanentes da Casa, e prestou esclarecimentos acerca da possível prejudicialidade verificada entre as Emendas nºs 03 e 04 ao mesmo Projeto. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 23/97, após ser discutido pelos Vereadores Carlos Garcia, João Dib, Adeli Sell, Maria do Rosário, Maristela Maffei, Renato Guimarães, Luiz Braz, Cláudio Sebenelo, José Valdir, Pedro Américo Leal, Antonio Hohlfeldt, Clovis Ilgenfritz, Gerson Almeida, Anamaria Negroni e Reginaldo Pujol e encaminhado à votação pelos Vereadores Carlos Garcia, Gerson Almeida, Luiz Braz e João Dib. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Executivo nº 23/97, os Vereadores Juarez Pinheiro, João Carlos Nedel e Hélio Corbellini cederam seus tempos de discussão, respectivamente, aos Vereadores José Valdir, João Dib e Gerson Almeida. A seguir, foi rejeitada a Emenda nº 03 e foram aprovadas as Emendas nºs 04 e 05, apostas ao Projeto de Lei do Executivo nº 23/97. Após, o Vereador Pedro Ruas comunicou que a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento estará recebendo Emendas ao Projeto de Lei do Executivo nº 25/97 (Lei de Diretrizes Orçamentárias) até as doze horas do dia quatro de agosto do corrente. Em continuidade, foi rejeitado Requerimento de autoria do Vereador João Dib, solicitando seja adiada por uma Sessão a discussão do Projeto de Lei do Legislativo nº 114/97, por dez votos SIM e vinte e um votos NÃO, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Elói Guimarães, João Dib, Luiz Braz e Reginaldo Pujol, sendo submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Clovis Ilgenfritz, tendo votado Sim os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, João Dib, Lauro Hagemann, Pedro Américo Leal e Pedro Ruas e Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, José Valdir, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos, Tereza Franco e Maristela Maffei. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças do Jornalista Raul Moreau, da Rádio Pampa de Porto Alegre, do Jornalista Roberto Villar, da Rádio Gaúcha, e do Vereador Antônio Veiga, do Município de Caçapava do Sul. Após, o Senhor Presidente informou que, às treze horas e oito minutos, esta Sessão Extraordinária será encerrada, e, nos termos do § 3º do artigo 187 do Regimento, convocada a Segunda Sessão Extraordinária, para continuidade da apreciação da matéria constante na presente Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 114/97, que foi discutido pelos Vereadores Elói Guimarães, Pedro Ruas, João Dib, Clênia <D>Maranhão, Cláudio Sebenelo e Carlos Garcia. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 114/97, os Vereadores Nereu D'Ávila e Juarez Pinheiro cederam seus tempos de discussão para o Vereador Elói Guimarães e a Vereadora Tereza <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Franco cedeu seu tempo de discussão para o Vereador Pedro Ruas. Na ocasião, respondendo a Questões de Ordem dos Vereadores João Dib, Nereu D'Ávila e Luiz Braz, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a correta interpretação do artigo 196 do Regimento, bem como sobre a viabilidade de um pedido de Renovação de Votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 114/97, se este for votado durante o período da manhã, e, respondendo a Questões de Ordem dos Vereadores Antonio Hohlfeldt, José Valdir e Maria do Rosário, prestou esclarecimentos acerca da necessidade de convocação de uma nova Sessão Extraordinária, bem como da possibilidade de os Vereadores inscritos para discutir os projetos constantes na Ordem do Dia terem suas inscrições asseguradas para a próxima Sessão, uma vez que a matéria a ser apreciada é a mesma da presente Sessão. Também, o Senhor Presidente deferiu Requerimento verbal do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando cópia de notas taquigráficas referentes ao período da presente Sessão que abrange desde a Questão de Ordem suscitada pelo Vereador Nereu D'Ávila até a promulgação do resultado da votação do Requerimento do Vereador João Dib, solicitando o adiamento, por uma Sessão, da discussão do Projeto de Lei do Legislativo nº 114/97. Às treze horas e oito minutos, esgotado o prazo regimental da presente Sessão, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a próxima Sessão Extraordinária, a realizar-se no dia de hoje, às treze horas e doze minutos. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Há quórum, passamos à

 

ORDEM  DO  DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2487/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 154/97, de autoria do Ver. Nereu D'Ávila, que denomina Rua Silvestre Félix Rodrigues um logradouro irregular localizado no Conjunto Residencial Costa e Silva, no Bairro Rubem Berta.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto;

- da CUTHAB. Relator Ver. José Valdir: pela aprovação do Projeto;

- da CECE. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em Discussão Geral e Votação o PLL nº 154/96.Não havendo quem queira discutir, passamos à votação. Não há inscritos para o encaminhamento da votação do Projeto.

 Em votação o PLL nº 154/96. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA  (Requerimento):  Requeiro que o  PLL nº 003/97 seja o último a ser votado nesta Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE:  Em votação o Requerimento. Os Srs. Vereadores que o aprovam, permaneçam sentados. (Pausa). APROVADO, contra o voto do Ver. João Dib.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1807/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 023/97, que autoriza  a abertura  de  créditos  especiais  no  Executivo  Municipal,  no  valor  de R$ 488.500,00, e dá outras providências. (MOVA/SMED) Com Emendas nºs 01 e 02. Urgência.

 

Parecer Conjunto

- da CCJ, CEFOR e CECE. Relator Ver. Eliseu Sabino: pela aprovação do Projeto e rejeição das Emendas nºs 01 e 02.

 

O SR. PRESIDENTE:  Em discussão. (Pausa.) O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para discutir.

 

O SR. CARLOS GARCIA : Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto em discussão é relativo ao movimento de alfabetização de adulto em Porto Alegre. Já tivemos oportunidade, durante toda essa semana, de discutir, inclusive nesta Casa, com educadores e diversas lideranças comunitárias. Nós, novamente, gostaríamos de enfatizar aquilo que temos dito, isto é, não somos contra o movimento de alfabetização, mas entendemos que esses educadores deveriam ser formados e graduados em magistério, no mínimo, até porque Porto Alegre, hoje, tem o menor índice de analfabetismo do Brasil, 5,06%, justamente por ter em sua rede todo esse manancial. E ainda justificamos que o educador popular também é essa pessoa que está se formando nas escolas de 2º grau, e ele também está inserido nas vilas e periferias de Porto Alegre. Porque, hoje, todo e qualquer cidadão, onde quer que ele more, no espaço de 2 km existe uma vila. Então, a desculpa, para nós, é muito fraca. Ao mesmo tempo, estaríamos abrindo um grande precedente, principalmente porque em Porto Alegre não existe esta necessidade de não ser uma pessoa habilitada, entendemos que isso seria pertinente a municípios pequenos onde não existe uma demanda. E é por esse motivo que entramos com uma Emenda e, infelizmente, ela não passou.

Outra preocupação que temos é: por que o Executivo começou o projeto antes de ser votado? Essa é uma preocupação, também, que eu tenho, porque senão fica muito difícil nós legislarmos em algo que já está decidido e aprovado, porque  esse movimento já está acontecendo em várias comunidades. Quero ressaltar que, em momento nenhum, somos contra o movimento. Ele é justo e, realmente, vem preencher uma lacuna, onde a proposta foi uma das melhores proposições a que tivemos acesso. E os nossos questionamentos são essencialmente em cima desses pontos, ou seja, a exigência que o Município colocou de que o educador popular deverá ter, no mínimo, o 1º grau, e entendemos que não seria essa a necessidade. Não vou entrar no mérito dos educadores populares, porque entendemos que essas pessoas que, hoje, são uma base de 850 que se formam a cada ano em Porto Alegre, têm todos os pré-requisitos, estão inseridas nas comunidades e têm todas as condições de serem também educadores populares.

Nosso terceiro questionamento é saber  por que o Município de Porto Alegre resolveu começar o projeto, antes de ser votado nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta solicita licença para tratamento de saúde na data de hoje.

 

( Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. João Motta, e dado posse à Suplente, conforme consta da Ata.)

 

O Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PLE n º 023/97.

 

O VER. JOÃO  DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como diria a nobre e eminente Vera. Maria do Rosário "tudo pela alfabetização". Alfabetização merece todo o nosso carinho, toda a nossa atenção. Agora, eu sou contra o MOVA. O MOVA já se moveu, já gastou dinheiro, por que fazer projeto de lei buscando recursos? Já se moveu, gastando quatro volumezinhos, dizendo que Porto  Alegre é a melhor cidade para se viver. Esse é um artigo do MOVA. O que o MOVA está fazendo? Qual é a sua preocupação, senão a divulgação da administração da Prefeitura? Senão a concentração de pessoas ligadas à administração da Prefeitura? E hoje não estou com nenhum espírito  conciliador; hoje, estou profundamente irritado, profundamente triste com esta Sessão Extraordinária, mais ordinária, talvez, do que extra. Mas se, nesta terra do Rio Grande de São Pedro, faltassem professores eu acho, até, que se deveriam contratar semi-analfabetos, porque já que eu encontro doutores e advogados analfabetos, por que eu vou pensar que aqueles que apenas têm o primeiro grau sejam mais do que aqueles que detêm um canudo? Engenheiros também, disse o nobre Ver. Juarez Pinheiro. (Palmas.)

Evidentemente que recebo o aplauso porque os que aplaudiram estão imaginando que este Engenheiro também é analfabeto e eu, realmente, o sou. Sei que o Ver. Juarez Pinheiro não disse isso, mas o Plenário, as pessoas que ali estão, imaginam que este Engenheiro seja analfabeto. Claro, sou um Engenheiro que apenas construiu algumas coisas, apenas fez umas poucas obras nesta Cidade, particular e oficialmente, mas tudo bem, sou um pobre Engenheiro, 40 anos de Engenharia não significam nada.  Sou realmente um Engenheiro medíocre. Agora, sou um homem profundamente sério, não conheço dois caminhos a não ser o certo e o errado, por isso fico triste quando vejo o caminho errado ser trilhado, quando vejo a irresponsabilidade dominar.

E irresponsabilidade é um mau caminho, divulgar uma coisa que a Câmara não aprovou ainda. É muito mau caminho deixar o professor formado, atirado, para utilizar os amigos da Administração, amigos do Rei. E  não me digam que é diferente, porque não é diferente. Preparar alguém para ensinar, quando tem gente sobrando para isso. Não é por acaso que Porto Alegre tem pouco mais de 5% de analfabetos, é porque houve preocupação no passado, não inventaram tudo agora. Mas se faziam as coisas com mais tranqüilidade, sem tanta divulgação. Antes de o Projeto estar aprovado, já há cartazes pendurados nas paredes e a Câmara não diz que vai aprovar.

Eu quero lembrar que esta Casa, do povo de Porto Alegre, não permitiu que se construísse a elevada sobre a Av. Mauá, porque o Prefeito à época, Sr. Telmo Thompson Flores, cometeu um erro gravíssimo, denominou a Avenida, elevada sobre a Mauá, de Marechal Artur de Costa e Silva, e aí, a Câmara não permitiu que construíssem a elevada.  A mesma Câmara que não permitiu que Porto Alegre recebesse uma sinalização eficiente, com 100 milhões de cruzeiros doados, porque tinha que aprovar um contrato de 3 milhões e 200 mil na Câmara. O contrato do Araújo Vianna também não foi aprovado. Por que eu tenho que aprovar os 488 mil reais, que eu não entendo bem para que serve? E quando se apresenta uma emenda visando ao aperfeiçoamento, ela é rejeitada. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir o PLE nº 23/97.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr. Secretário, Srs. Vereadores, Senhoras Vereadoras, Senhoras, Senhores que acompanham esta Sessão. Devido à seriedade dos argumentos que foram colocados em Sessões passadas, mesmo nas duas argumentações que precederam o meu pronunciamento, eu quero dizer que, antes de mais nada, nós todos temos que estar integrados na defesa de uma campanha para acabar com o analfabetismo em nossa Cidade.

Aqui nesta Casa, eu, até agora, não ouvi alguém que se colocasse contra um projeto que fizesse esse movimento para todos os porto-alegrenses analfabetos - os mais de 5%. Este índice é pouco se compararmos com os de algumas capitais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País, mas para Porto Alegre, que já recebeu capa de revista como a melhor cidade em qualidade de vida no País, nós não podemos ter esse índice de analfabetismo; pelo contrário, nós devemos estar juntos, solidários, independentemente das nossas posições políticas e ideológicas, nesse processo contra o analfabetismo. A Prefeitura Municipal tem o direito e o dever de apresentar projetos e desenvolver o seu programa.

Não se discutiu, aqui, o SEJA - o Serviço de Alfabetização de Jovens e Adultos, porque esse é um Programa da  Prefeitura. O MOVA também é um programa da Administração.  O que nós estamos discutindo aqui, a bem da verdade, é a finança, o dinheiro necessário a implementar esse Programa, é isso que nós estamos solicitando. E não há nada, em lugar algum, que diga, e essa também foi uma das minhas preocupações, que as pessoas que têm formação pedagógica, seja de mestrado, terceiro grau, das escolas normais da nossa Cidade não possam se inscrever. E se houvesse qualquer indício, qualquer resquício de que alguém pudesse utilizar de relações pessoais ou de amizade com as entidades que ficarão responsáveis por esse projeto, eu seria o primeiro a vir questionar tal projeto. Mas pela discussão e responsabilidade que a Prefeitura já tem demonstrado no diálogo com quase vinte entidades da Cidade, com pessoas que são preparadas na Prefeitura, no SEJA, com um grupo de acompanhamento pedagógico, eu tenho a convicção de que aqueles que serão contratados, não pela Prefeitura mas pelas entidades, pois para isso existe a fiscalização pública, para isso existe a Câmara de Vereadores e serão acompanhados passo a passo nesse processo.

 Nós estamos pedindo a liberação dessa verba para que esse Programa seja plenamente desenvolvido e não apenas desenvolvido; para que ele seja ampliado, para que em um espaço menor de tempo nós possamos ter uma Porto Alegre sem analfabetos. Nós temos que ter também a confiança de que as associações, as entidades que vão assumir esse Projeto vão fazer as contratações segundo os critérios determinados pelo Projeto. E não será a Administração Popular que fará vista grossa, não será esta administração que não fiscalizará. Não será esta administração que vai deixar de dar apoio pedagógico. Nós estamos pedindo aos nobres Vereadores que aprovem esse projeto que dá sustentação material ao que nós estamos desenvolvendo na Cidade. E mais do que isso, nós sempre vamos pedir a esta Casa que nos ajude, mais e mais, para desenvolver esse Projeto no menor tempo possível para que consigamos, num prazo menor do que está previsto, o fim do analfabetismo na nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Requerimento): Sr. Presidente, eu gostaria que esta Casa registrasse o falecimento do Deputado Federal Ivo Mainardi, homenageando-o com um minuto de silêncio.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa aceita seu Requerimento.

 

(É feito um minuto de silêncio.)

 

A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para discutir o PLE nº 023/97.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores que discutem a matéria de abertura de crédito especial para o MOVA da SMED. Eu coloquei uma meta para mim mesma ao vir a esta tribuna de conversar com V.Exas. sobre a oportunidade, sobre a necessidade de aprovar esses créditos especiais. Quero dirigir-me, especialmente ao meu colega, Ver. João Dib, que tem - saibam os senhores que nos assistem - um enorme respeito pelas questões da Cidade. Nós aprendemos a admirar, em nossa convivência, esse respeito. Quando o Caderno de nº 1 do MOVA diz que Porto Alegre é a melhor cidade para se viver, eu acho que está numa linha, Ver. João Dib, de apresentar a Cidade como uma cidade que as pessoas amam e, portanto, a cultura do amor, do respeito, a cultura do vínculo com a sua cidade é fundamental e só pode ser exercida se ela tiver programas, políticas públicas, determinações para todos que vivem nesta Cidade.

 

O Sr. João Dib: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre Vereadora Maria do Rosário, nos últimos 40 anos, quase que vi 40 vezes Porto Alegre ser escolhida a cidade de melhor padrão de vida no Brasil. Nas três vezes em que fui Prefeito, ela foi considerada a melhor cidade em matéria de qualidade de vida. Não foi uma conseqüência de agora.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: V. Exa. só apresenta, para o meu argumento, melhores elementos. Quando afirmamos isso dentro da Cidade, nós afirmamos essa cultura de valorização da nossa Cidade e da nossa própria gente. Então, não se trata  de uma frase, absolutamente, publicitária, mas ao contrário, trata-se de uma afirmação de uma cultura, de uma linha de pensamento de vínculo com a Cidade. Volto a dizer que, se não houver programas que de fato apresentem a Cidade voltada para todos, para aqueles que moram no Centro assim como para aqueles que moram na periferia, isso não se transformará numa realidade. Aí me chamam a atenção as contradições que essa nossa bela Cidade tem. Na parte central da Cidade nós temos 1% de analfabetos e, na região da Lomba do Pinheiro, temos 11,5%. Precisamos de um programa específico de alfabetização, justamente voltado para aqueles segmentos da sociedade, para aqueles bolsões que não se desenvolveram por igual, ou vamo-nos nos conformar com  as contradições e com as desigualdades? Ao contrário, é preciso insistir para que isso seja cada vez mais verdade, com políticas reais, especialmente na  cultura, na alfabetização e na educação.

Portanto, Srs. Vereadores, tenho uma explicação a dar: que bom que esse processo começou - e eu vi o Ver. Garcia ocupar a tribuna nesse sentido - e eu já disse nesta tribuna que só pode existir um movimento de alfabetização em Porto Alegre porque existe um serviço de educação de jovens e adultos como retaguarda. Temos mais de três anos de trabalho contínuo com referência à educação de jovens e adultos dentro da escola formal, diferenciadamente para jovens e adultos, através de um programa específico de valorização da sua cultura. Mas vejam os Senhores, começou também, já antes de vir a esta Casa, por determinadas imposições, por uma das nossas responsabilidades,  pois o Executivo tem responsabilidade em executar programas e cobramos do Executivo quando ele não os faz. Agora, quando ele faz, quando ele desenvolve programas, quando ele apresenta caminhos para o enfrentamento de problemas reais da Cidade de Porto Alegre como, por exemplo, a questão do analfabetismo do ponto de vista verdadeiro, isso é cobrado aqui. Então, eu quero entender melhor os Senhores Vereadores que acham complicado que já tenha começado esse programa  Vou tentar responder ao Ver. João Dib: até agora Porto Alegre investiu, inclusive recursos que vieram do MEC,  para a fase de preparação dos professores, dos agentes, para a fase de preparação dos cadernos. Havia prazo para os recursos - preciso dizer isso ao Ver. João Dib - e, até  agora os recursos utilizados foram os do MEC porque havia prazos. V.Exa. foi Prefeito e sabe que há prazos para serem utilizados os recursos, até agora foram utilizados dentro do prazo. Mas é preciso mais uma contrapartida na Cidade de Porto Alegre. Nós, como Câmara de Vereadores, vamos negar? E aí, é claro que precisamos discutir a matéria proposta pelo Ver. Garcia, que eu respeito, mas acho que está fora do tempo, do espaço, e colocada no tempo errado. O Ver. Garcia, para discutir a questão de formação de professores, deveria discutir dentro do programa e não agora, na liberação dos créditos, porque não é a mesma coisa. Não se pode  inviabilizar um projeto por um desejo de programa de um Vereador. Então, eu não consegui concluir o meu raciocínio, mas, de qualquer forma, eu quis dizer isso ao Ver. João Dib, que os recursos foram utilizados, da ordem dos recursos do MEC, mas o Município precisa dar e tem recursos para essa contrapartida, priorizando a educação, Ver. João Dib . Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

  

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): A Vera. Maristela Maffei está com a palavra para discutir o PLE nº 23/97.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,  comunidade presente neste Plenário. Eu quero iniciar a minha intervenção dizendo que, se nós entendemos que numa sociedade o homem é o sujeito e não o objeto, se o homem, como sujeito que ensina, que aprende, que transforma, que cria e recria, se é nisso que, realmente, nós temos convicção, com certeza não existe argumento que possa inviabilizar este Projeto tão louvável. Este Projeto traz a nós a responsabilidade de repensarmos a realidade em que vivemos, e entendermos que qualquer cidadão ou cidadã de Porto Alegre tem capacidade, sim, por ser um ser político sujeito dessa transformação histórica e, também, por estar inserido, neste contexto, com a responsabilidade de ser o promotor dessa alfabetização, e, neste sentido, os nobres Pares devem-se sensibilizar com a importância e o respeito que devemos ter para com as comunidades.

Eu sei, como o professor Garcia colocou aqui, que, a cada metro quadrado da nossa Cidade,  nós podemos observar as vilas. É verdade. Agora, é muito diferente se estar convivendo nessas vilas, estar inserido no processo, fazer parte dela e saber que essas pessoas, na sua organicidade, têm capacidade sim de poder transformar juntamente com aquelas pessoas que se dizem tão capazes, por terem formação superior, simplesmente elas podem fazer, na prática, o que aqui está sendo proposto. Portanto, a mim me parece que há muitas pessoas por trás disso: primeiro, estão contra o MOVA, e isso tem que ficar claro; segundo, existe um grande preconceito contra essas pessoas que são das comunidades organizadas. Nós temos um exemplo concreto, nesta Cidade, da capacidade das comunidades que, no Orçamento Participativo, conseguem gerenciar a renda da nossa Cidade. Ninguém melhor do que essas pessoas, que sofrem na pele a discriminação e a exclusão de uma Cidade como a nossa, para poder falar sobre a forma, principalmente quando ela vem acompanhada de uma metodologia da Secretaria de Educação de Porto Alegre. Portanto é importante que as pessoas se dêem conta  de que nesse projeto - e como diz o Ver. Dib, há quarenta anos essa Cidade tem  um dos melhores padrões de vida - a nossa responsabilidade é muito maior, para que possamos dignificar essa  posição. E nada melhor do que engrandecer esta Cidade, através da aprovação do MOVA, que não apenas trará qualidade de vida, mas também educação para nos tornarmos a melhor Cidade do País. Essa é a nossa responsabilidade maior.

 

O Sr. João Dib: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre Vereadora, em 1957, o Prefeito Leonel Brizola trazia para a Cidade, pela primeira vez, o título de melhor cidade em matéria de padrão de vida. E é claro que muito disso se deve à educação. Agora, o que não se pode admitir é que as coisas sejam feitas antes de a Câmara ter aprovado o projeto, com uma mensagem do Prefeito, reduzidíssima, não-explicando coisa nenhuma, mas com bastantes cadernos já editados.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: E também gostaria de dizer que, se todos queremos uma comunidade desenvolvida, qualificada e participativa, e não uma comunidade servil e submissa, temos que começar a respeitar todas aquelas pessoas  que de fato têm organicidade nesta Cidade e não apenas a Câmara de Vereadores, não apenas as pessoas graduadas e pós-graduadas, mas aquelas que detêm graduação de verdadeiros cidadãos, partindo do pressuposto de que todos temos dignidade, e que, em determinados momentos da nossa sociedade, uma grande maioria foi excluída. Este é mais um momento de darmos o exemplo para a nossa Cidade, de que todo cidadão tem vez. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato  Guimarães está com a palavra.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é interessante que se faça a discussão do mérito do Projeto.  Nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, também temos, em relação ao nosso próprio governo, algumas críticas ao método de enviarem a esta Casa projetos não dando tempo para serem discutidos aprofundadamente. No encaminhamento deste Projeto também apresentamos nossas críticas, agora não gostaríamos que essas críticas, de o projeto ter vindo à Casa para ser debatido e ser votado enquanto  o programa já está acontecendo, prejudicassem o andamento do Projeto, não gostaríamos que as críticas ficassem acima do conteúdo do Projeto. É isso que eu gostaria de destacar. Eu gostaria de destacar isso porque a Administração Popular, no mês de março, abriu um debate em Porto Alegre para discutir o MOVA, foram feitas várias reuniões com partidos políticos, com  comunidade, instituições, com sindicatos representantes dos professores. O  Projeto MOVA é conseqüência de um trabalho feito com a sociedade, é importante que a Casa tenha ciência disso, isso não saiu da cabeça de algumas pessoas, foi debatida a necessidade de enfrentar a questão do analfabetismo junto à sociedade e chegou-se conclusão de que há necessidade do MOVA.

 

(Aparte anti-regimental.)

 

Correto, Vereador,  o PPB e a Sociedade, também houve uma reunião com os partidos políticos, se o seu Partido não esteve presente, o meu esteve, outros Partidos desta Casa estiveram presentes.

Gostaria de colocar ao Ver. Carlos Garcia  que nós não temos que discutir aqui as condições dos professores, a falta de serviços para os professores pela implantação do MOVA, porque há o ensino regular na Prefeitura,  o SEJA, o MOVA não vai substituir isso. A Prefeitura vai continuar ampliando e qualificando o seu serviço de ensino na Cidade. O MOVA não está vindo contra os outros serviços prestados. Temos que discutir a qualidade de ensino, as condições dos professores mas  essa discussão deve ser feita com outros serviços de ensino que existem na Cidade e não só com um programa que se apresenta nesse momento. Gostaria de destacar essa questão para o Ver. Carlos Garcia..

O que se está propondo, através do MOVA é uma parceria, e nós temos outras parcerias hoje em desenvolvimento na Cidade. Nós temos o PSF (Programa de Saúde da Família), os companheiros da Bancada do PSDB conhecem esse Programa e sabem dos efeitos positivos que ele tem para a sociedade de Porto Alegre, nós temos o Convênio Creche, que também é uma parceria da SMED com as comunidades. Nós sabemos dos elementos positivos que tem esse Programa. Hoje a construção de parcerias da administração pública com a sociedade acontece em Porto Alegre e em outras cidades, através de vários programas, não é esse Programa que está chamando isso. Não é a primeira vez que se propõe uma parceria para se  enfrentar um problema, há uma quantidade de programas, tanto nesta Cidade, quanto em outras cidades que enfrentam situações de exclusão, através da parceria com a sociedade. Tanto nós da Bancada do PT, como os companheiros das comunidades que estão aqui presentes, não estamos dizendo que isso é uma maravilha e não deve ser avaliado, não deve ser acompanhado, mas estamos dizendo que há necessidade, não só do MOVA, do PSF, dos Convênios-Creche, permanente de serem acompanhados e avaliados. Penso que esta Casa Legislativa tem esse papel de acompanhar esses programas que a Prefeitura faz e de avaliá-los. É isso que estamos colocando. Em um primeiro momento esta Casa está sendo chamada para liberar o recurso para começar esse programa. Eu espero que esta Casa também tenha a responsabilidade de fiscalizar e acompanhar esse Programa para, no futuro, dizer que vai continuar com esse Projeto, porque ele é necessário para Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. TEREZA FRANCO (Questão de Ordem): Quero pedir desculpas ao Ver. José Valdir, porque sexta-feira houve aquela denúncia de que estavam batendo nas crianças na Lomba do Pinheiro. Eu confesso que fui áspera com ele, porque pensei que estava muito descansado, e sendo a Vice-Líder da Comissão de Direitos Humanos fiquei “atucanada”, só que, quando chegamos lá, vimos que não havia acontecido nada. Eu me sinto bem feliz em pedir desculpas, e se ele puder me desculpar. Aprendi mais uma questão com ele.  

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Esclarecimento): Eu gostaria de registrar, Vereadora, que, no momento em que foi feita a denúncia pelo seu Líder, no Plenário, não que eu soubesse, mas eu tinha fortes razões para acreditar que aquilo não estava acontecendo. Mas, como educador, como professor, eu sei que a melhor coisa é visualizar, é ir no local. Melhor do que qualquer discurso é a vivência da realidade. Então, nós fomos até o local. E eu quero registrar a seriedade da Vera. Teresa Franco que veio ao Plenário para dar um exemplo para a Casa de como nós podemos, em determinados momentos, com grandeza, voltar atrás e considerar que cometemos um ato equivocado. A minha admiração por V.Exa. cresceu ainda mais.

 

O SR. PRESIDENTE: De nossa parte, a Casa colocou toda a infra-estrutura à disposição. Quando as medidas são tomadas rapidamente, tudo é possível fazer para diminuir as tensões sociais.

Continuamos  com a discussão do PLE nº 023/97. O Ver. Luiz Braz está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nenhum de nós  poderia ser contrário ao movimento de alfabetização, que não foi inventado pela Administração Petista, diga-se de passagem, porque é algo que preocupa há bastante tempo a Administração Federal, a Administração Estadual e , agora, também, preocupa os administradores municipais. Os únicos óbices que eu ouvi serem levantados com relação ao Projeto é de quem vai alfabetizar, se será uma competência. exclusiva dos professores, se serão os líderes comunitários, se serão  profissionais de outras áreas. Acredito que as divergências estejam apenas no campo de quem será realmente o encarregado de fazer a alfabetização. Nunca ouvi uma opinião contrária a que aqui no Município não devesse nascer este movimento para alfabetizar. Ouvi uma opinião de que esse movimento começou antes, mas a explicação para esse fato me foi dada na sexta-feira por alguns líderes comunitários. As lideranças comunitárias começaram a alfabetizar e antes não havia nenhum recurso municipal  sendo colocado para os alfabetizadores. Eles faziam essa alfabetização sem ganhar nada. No momento em que se anunciou que o governo municipal iria colocar algum recurso para que esses alfabetizadores pudessem receber alguma paga pelo trabalho executado, começou uma concorrência um pouco maior. Pelo menos foi o que ouvi de algumas lideranças comunitárias.

Estou fazendo uma Emenda que apresentei ao Ver. Adeli Sell para que ele pudesse levar à sua Bancada e também às lideranças do movimento no sentido de fazermos com que esse movimento possa ser sério, para que os alfabetizadores possam  ser inscritos antecipadamente para que possam ser conhecidos, até porque eles devem ter um certo contrato com a Administração Municipal para receberem algum recurso da Administração e que exista uma preferência quando existir a inscrição um professor. Esse professor deve ter preferência sobre outros profissionais de outras áreas para que o trabalho possa ser feito com a melhor qualidade. Quando não houver professor, outros profissionais poderiam ser levados pelo movimento para que, em qualquer ponto desta Cidade, pudesse existir alguém capaz de fazer com que esse processo possa ganhar força. Nós apresentamos esta Emenda, não recebemos ainda uma resposta por parte da Bancada do Governo e nem por parte das lideranças comunitárias que estão aqui presentes.

 Vamos votar favoravelmente ao projeto, de qualquer forma, mas com certeza absoluta, com sinceridade - que sempre esteve presidindo as minhas relações com as comunidades - vamos votar, também, na Emenda que apresentamos. Apresentamos a Emenda, então vamos votar no Projeto e vamos votar na Emenda. Até para que, de repente,  esse processo de alfabetização possa se dar da melhor forma, sem que os interesses político-partidários não sobrepujem os interesses da alfabetização, que é tão necessária em todas as regiões da nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, para discutir o PLE nº 23/97.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é indiscutível o mérito do MOVA e muito provavelmente será aprovado, se não pela unanimidade, pela quase unanimidade da Casa. Somos todos a favor da alfabetização e vamos prestigiar. O que se critica é a chamada forma petista de administrar os problemas. Eu, que trabalhei mais de 20 anos em vilas, tenho plena consciência do que ele representa, é um movimento que vem contaminado por um processo de ideologização, e essa contaminação se dá até pela anuência da Bancada do PT em dizer que há três anos o  processo já existe. Eu só estranho que o MOVA não exista há muito mais tempo. Queríamos que existisse há muito mais tempo. Já que ele existe e já foi reconhecido, por que esse desprezo pela opinião da Câmara Municipal, já que, por ocasião dos Jogos Metropolitanos  dos Excepcionais,  o argumento do Executivo foi de que havia uma interferência ou desprezo pela sua opinião? Ora, se houve esse argumento, se houve o Veto Total do Prefeito aos Jogos, porque havia uma interferência da Câmara  Municipal nos direitos de encaminhamentos do Poder Executivo, por que a inversão agora não passa a ser verdadeira?

Há um projeto que já está em andamento, que veio só  por uma formalidade para a Câmara. Não vejo por que discutir tanto tempo uma coisa. Evidentemente, o mérito da questão não está em jogo: é meritório, qualquer pessoa sabe. Tem que ser aprovado por esta Câmara, na minha opinião. É indiscutível. Agora, o que é inconcebível é que a toda hora tenhamos sintomas de uma forma grosseira de resolver os problemas, tanto no caso da invasão do Inter quanto no caso dos Jogos Metropolitanos, como em tantas outras crises em que o relacionamento desta Câmara com o Executivo é lamentável, do ponto de vista da Prefeitura, que não dispensa nenhum respeito, nenhuma consideração à opinião dos Vereadores.

O erro grosseiro desse Projeto é a exclusão dos professores, como se vivêssemos no interior da Paraíba. Num projeto como o do Prof. Paulo Freire, é evidente  que as condições de analfabetismo, numa região com seca, miserável como o interior do nosso Nordeste, é indispensável que haja professores onde não existe formação de professores. Ora, mas com excesso e com uma demanda de 5%, por que fazer professores populares em 40h quando temos à disposição uma mão-de-obra especializada? Inclusive, temos à disposição, dentro desse Projeto, pela remuneração, uma forma de absorver essa mão-de-obra que está sendo preparada.

Veja, Ver. Antônio Losada, o que estamos discutindo não é o mérito da questão. Evidentemente, vai haver aprovação por parte do Plenário. Não há dúvida. O que estamos discutindo, e é realmente constrangedor, é a forma como é conduzida a questão burocrática e de relação entre a Câmara e o Executivo Municipal que pode melhorar muito mais se houver um pouco de consideração pela opinião dos Vereadores e, principalmente, pela tentativa de melhorar as condições de trabalho entre as duas instituições que, no mínimo, tem sido rasgada, sistematicamente, pelo Executivo.

 

O Sr. Antônio Losada: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) A luta pela alfabetização, no Brasil, já é de longos anos e até aqui não se encontrou uma solução para resolver este gravíssimo problema. Vereador, este Projeto não exclui quem quer que seja de participar como professor. Ele dá a possibilidade para todos. (Palmas.) O grande objetivo deste projeto é, exatamente, possibilitar, no processo, uma participação massiva, inclusive, com a participação organizada das comunidades através das associações comunitárias fiscalizando, elevando o processo de conscientização. (Palmas.)

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Vereador, levo em consideração a sua opinião porque a considero preciosa, só que este processo já está em movimento e ele veio para a Câmara receber o seu "referendum" formal. É desnecessário dizer que isso agrava cada vez mais as relações entre a Câmara e o Executivo. Agora, o mérito do projeto é indiscutível. Muito obrigado.

 

(Não  revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos dizer  que nos sentimos muito honrados com a presença dos nossos ilustres visitantes, mas, em função do Regimento, gostaria de solicitar a todos para não se manifestarem, pois  isso não é permitido.

O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir o PLE nº 23/97.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu vou  me ater principalmente a duas questões que são sistematicamente levantadas neste Plenário contra este Projeto. Primeiro, de que o Projeto exclui os professores formados e, segundo, de que a Câmara está diante de um fato consumado. Quero fazer uma digressão sobre o porquê de existir o analfabetismo na sociedade. Certamente uma boa parte dos analfabetos nunca passaram pela escola, mas uma parte ainda maior passou pela escola regular, com professores formados. A escola regular, seja particular ou pública, do Estado ou do Município, foi incapaz de fazer com que esse aluno permanecesse na escola e conseguisse se alfabetizar com sucesso. Na maior parte das vezes apenas conseguiu fazer  aquele tipo de "alfabetização" do saber assinar o nome, essa escola tinha  todos os professores  que o Ver.  Carlos Garcia reclama, professores formados.

 Estamos diante de um fenômeno, que também não dá para dizer que garantimos a eficiência com a questão dos professores formados porque a realidade nos mostra que não é assim. A escola tradicional, por isso falava outro dia aqui, tem que ser transformada, revolucionada, eu diria, Ver. Sebenelo, porque a escola tradicional foi incapaz, mesmo tendo professores formados nas academias. Portanto, pretender agora  garantir no projeto - digo isso com toda a tranqüilidade porque sou professor, poderia ter uma postura corporativa - que a eficiência do Projeto seja medida apenas pelo fato de o professor ter ou não o canudo universitário parece que é ignorar a própria realidade que está aí e negar tudo isso tem sido feito mas, no entanto, a escola tradicional não consegue evitar um grande número de exclusão dentro da própria escola, daqueles que passam pelos bancos escolares e não conseguem se alfabetizar.  Por que estou colocando isso? Porque, no Município,  estamos trabalhando essa questão de duas formas, dentro da rede regular modificando os métodos de ensino, os objetivos, fazendo aquilo que o Collares chamaria de uma verdadeira revolução no ensino. E aí inclui os ciclos, o que tanto debatemos aqui, inclui toda a reforma curricular,  inclui a participação popular, através dos Conselhos Escolares, e também estamos trabalhando com aqueles que, mesmo assim, são excluídos da escola, através do SEJA, através do SEMET, que é a referência física do SEJA, que é um tratamento oficial de escola regular aos jovens e adultos que passaram ou não pelos bancos escolares e que não conseguiram se alfabetizar. Mas, mesmo assim, ainda sobram pessoas, sobram cidadãos em Porto Alegre, e as estatísticas estão aí para mostrar. E o que estamos querendo fazer para reforço, para complemento dessa intervenção oficial? Estamos fazendo um movimento, através do qual estamos querendo envolver toda a sociedade e não apenas os professores. É isso que deve ser entendido: não se trata de rede oficial. Rede oficial temos através do SEJA, que vai continuar atendendo esses que estão excluídos da escola. Estamos querendo, através  do MOVA, fazer um movimento de envolvimento de toda sociedade, dos professores, mas, também, das lideranças comunitárias e é por isso que se trata de um movimento e não de uma escola regular, de uma rede oficial, e é por isso que a liderança comunitária, a inserção na comunidade é tão importante, e por isso é tão importante quanto o "canudo", a formação acadêmica.

 

O SR. PRESIDENTE:  O tempo de V.Exa. está esgotado, no entanto o Ver. Juarez Pinheiro está inscrito e cede o tempo a V.Exa., com a concordância do Ver. Pedro Américo Leal, que está inscrito anteriormente. V. Exa. tem mais cinco minutos.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: É por isso, Srs. Vereadores, que o critério acadêmico apenas de ter o "canudo" na mão não resolve o problema desse movimento, que tem que contar com a adesão, a participação de todos, especialmente das lideranças da comunidade, para que surta efeito, para que se transforme num amplo movimento de cidadania, e não em mais uma intervenção oficial, porque essa nós já temos.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Parece-me que existe uma contradição no seu argumento, com todo o respeito, não à sua pessoa mas às idéias que estão sendo apregoadas. Se o problema está no sistema, por que modificar apenas os professores, já que na própria definição do movimento os professores podem perfeitamente serem inseridos no contexto? E seria uma discriminação achar que, por ser professor, não pode participar.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: É exatamente esse o ponto onde quero chegar. Os professores que têm inserção nos movimentos populares estão absolutamente dentro do critério. Portanto, esse projeto não exclui ninguém. Excluiria se colocássemos uma cláusula, como querem alguns Vereadores, dizendo que só podem ser professores formados; aí sim estaríamos excluindo todos aqueles que não são professores formados, mas que, do ponto de vista, inclusive do Paulo Freire, têm uma importante contribuição a dar para o sucesso desse movimento.

O nosso projeto, ao contrário, é um projeto de inclusão, pois inclui os professores com o seguinte critério: aquele que têm inserção na comunidade. E inclui todas as lideranças comunitárias que já têm toda uma rede dentro da comunidade, através de um acompanhamento e toda uma formação que o nosso SEJA vai dar, passando toda experiência, todo um arsenal técnico, inclusive criando condições para que realmente seja um movimento e que tenha esse balanço: os professores e as pessoas da comunidade que, com a formação que será dada, podem tornar este movimento um movimento efetivo de alfabetização, envolvendo toda a sociedade. Aí é que está a diferença. Por isso não aceitamos fazer a reserva de mercado; porque o que querem fazer aqui é reserva de mercado para os professores com "canudo" na mão. Nós achamos que os professores com formação podem e devem participar, mas será exigido deles o critério de inserção na comunidade, para poder fazer esse projeto funcionar. Eles não estão excluídos. Quem quer excluí-los é quem quer fazer reserva de mercado, ao dizer que só pode ser professor com formação pedagógica. Esses estão querendo excluir as lideranças e todas as pessoas importantes para o sucesso desse movimento. O projeto não exclui ninguém, apenas coloca critérios de acordo com os objetivos que nós temos que não é rede oficial, mas é o objetivo de um movimento que envolva amplamente a sociedade.

Sobre a questão do fato consumado, neste caso, o modo petista de governar foi  atrapalhado pelo modo peessedebista de governar. Eu concordo com V.Exa. que esta Casa está recebendo, mas deveria ter recebido antes. Por que não recebeu? Porque essa verba do MEC que propiciou todos esses materiais e toda essa primeira iniciativa,  essa verba que deveria ter vindo no ano passado só veio no início deste ano, com um ano de atraso, do seu governo. Eu sei o que é isso, pois quando estive na FESC recebemos em cima do laço uma verba que utilizamos o que foi possível, inclusive a Brigada recebeu e não conseguiu utilizar e devolveu tudo, e ainda recebemos uma CPI desta Casa, éramos acusados de não ter feito licitação e nos acusaram por termos devolvido o resto, justamente,  para não ter que entrar na questão da licitação. Vejam, então, a manobra do governante, quando outra esfera de poder encaminha as verbas que são devidas ao Município, que não estamos pedindo favor, com um atraso de um ano, e por isto esta Casa está recebendo com atraso o projeto, o que também não é do nosso agrado. É o modo peessedebista de governar que atrapalha a cidade de Porto Alegre e não o modo petista de governar que está atrapalhando esta Casa.

Ao Ver. João Dib quero dizer que colocar que esse Projeto é baseado na escolha dos amigos do rei, é não conhecer a realidade política dos movimentos populares. Isso é impossível, porque no momento em que abrimos à participação popular fica tão transparente que é impossível acontecer isso, pois o próprio movimento popular é o freio, é a fiscalização. Estamos, inclusive, nos escancarando com o movimento, tornando a coisa pública e transparente. Essa sua preocupação, Ver. João Dib, não existe. Eu lamento que não tenha sido aprovada a "elevada", só que a "elevada" e o que estamos discutindo aqui é absolutamente diferente. Uma coisa é uma obra de construção física e outra é uma obra de construção social, de construção de cidadania, que é a alfabetização. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.) 

 

O SR. PRESIDENTE:  Apregoamos a Emenda nº 3 ao PLE nº 23/97. (Lê.)

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Luiz Braz, solicitando a dispensa do envio da Emenda nº 3 às Comissões. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para discutir o PLE nº 23/97.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo. Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não se trata de julgar o modo petista de governar, nem o modo pedetista de governar. A alfabetização é um problema sério que enfrenta a Pátria brasileira buscando uma solução. Onde está o impasse que me trouxe à tribuna?  Dando uma opinião que retifico agora: era contrário a esse projeto, porque via nele um atropelo, uma necessidade de colocar a Câmara em cheque, num movimento de afogamento desta Câmara para a concecção do Executivo, em busca de seus objetivos. Mas não!. É preciso que todos nós tenhamos cuidado. Esses tais de educadores populares tem que ter um campo psicológico, precisam ter uma transferência psicológica dos alunos para eles. Os alunos precisam recebê-los como um aliado, como uma pessoa da comunidade. E isso me fez transformar o voto, vou votar favoravelmente. Todos sabem que o meu voto eu não converso nem com o meu amigo, Ver. João Dib, meu voto é só meu, pela necessidade que tenho de acertar. Acho que, embora esteja incluído o construtivismo nesses cadernos do MOVA,  e tenho muitas restrições a essa técnica, na verdade, é preciso que tudo seja sobrepujado para um objetivo maior.

Necessitamos combater o analfabetismo! Para isso precisamos mobilizar todas as forças nacionais buscando educadores populares, pessoas da comunidade, por que não? Ver. Gerson Almeida, V. Exa. me dê atenção, o seu partido está sendo analisado e cogitado, por isso eu acho que todos nós devemos pensar sobre a nossa decisão. Eu sempre sou levado a ser empolgado pela necessidade popular, não sendo um populista. Não gosto de populismo, mas acho que as coisas populares têm muito peso. É preciso que tenhamos as narinas dilatadas para  notar do que é que o povo precisa, sem que ele se pronuncie, às vezes. Nós somos líderes, Vereadores, temos que ter uma particular atenção para saber do que o povo precisa. Para esses educadores populares o plano está em segunda etapa,  etapa praticamente do Município, em verbas. Por que vamos entravar este Plano? Nós temos que facilitá-lo, com muita atenção para sabermos até onde vai a possibilidade de montagem política desse movimento. Não acredito que tenha uma movimentação política, mas acho que temos que ter sensibilidade.

Aqui eu retifico a minha última intervenção, em que fui contra o Projeto. Os educadores populares precisam ter uma afinidade com aqueles que estão educando, aqueles que saíram da comunidade e se dirigem a eles com naturalidade. Isso é importante, na verdade, para romper  a barreira do analfabetismo. Baseado nisso,  vou votar favoravelmente e venho, aqui, dizer, que retifico a minha última intervenção, em que eu era contrário, pessoalmente, a esse plano, por ter ele arregimentado, como educadores populares, aqueles que tinham o primeiro grau incompleto. Mas, não é verdade. É preciso que os educadores tenham o primeiro grau completo. Então, eu retifico e aviso a galeria: não é possível ovacionamento. Saio  da tribuna sem nenhuma palma, sem nada. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir o PLE nº 23/97.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a história da alfabetização neste País é longa e tem momentos muito bonitos, como aqueles dos anos 60, de Moacir, de Góis, de Paulo Freire, de outros nomes que formularam projetos, que formularam experiências, especialmente para o Nordeste brasileiro. Mas  Porto Alegre não é o Nordeste brasileiro, nem em condição hospitalar e nem em condição de analfabetismo, bastando que se vejam os números oficiais de que dispomos.

Que haja lideranças populares tomando a iniciativa de alfabetização de adultos, quer nas vilas populares, quer junto a sindicatos, em movimentos de igreja, parece-me altamente louvável. Isso mostra quão omisso tem sido o poder oficial, quer em nível federal, quer em estadual e municipal.

É bom que, num determinado momento, o município trate de se juntar ao movimento popular dando-lhe apoio.

Eu gostaria de chamar atenção para que, na época em que o SEJA desenvolvia o seu trabalho junto à SMED e as obras do Mercado Público foram iniciadas, a SMED não teve nenhuma atenção com os companheiros professores que cuidavam da alfabetização de adultos. E foi esta Casa, quando eu era Presidente, em  1991, quem recebeu o movimento de alfabetização de adultos à noite. Ocupamos salas de Comissões desta Casa com a participação dos Srs. Vereadores-Presidentes das diferentes Comissões e recebemos, portanto, aqueles companheiros professores e aqueles  companheiros que queriam um processo de alfabetização e crescer um pouco nas suas oportunidades na vida. Portanto, não há nenhum preconceito e nenhum posicionamento contrário à necessidade de um trabalho desse tipo, ao contrário, achamos que ele é fundamental. No entanto, eu gostaria de dizer que  sem nenhum corporativismo ou reserva de mercado, como mencionou aqui o Ver. José Valdir, até porque, apesar de Professor a minha área é a universidade, não é o 1º nem o 2º Grau a mim me preocupa a questão técnica. Alfabetização é um processo muito mais sério, muito mais grave, muito mais responsável do que, por exemplo, dar uma aula em uma 4ª ou 5ª série, ou em um 2º grau. O processo inicial de como ligar as letras e de como dar significado às palavras requer, sim, um preparo daquele que vai fazer essa  orientação. E é nesse sentido que eu expresso a minha preocupação.

Não se trata de dizer que pessoas que não tenham curso não possam fazê-lo, mas se trata, sim, de dizer que pessoas que vão responder por um processo de alfabetização devem ter um treinamento e um preparo específico. E não vi em nenhum lugar dos documentos que me foram entregues qualquer menção a esse preparo específico e técnico. E quando digo técnico não estou me referindo a canudo, quando digo técnico estou me referindo que há um preparo de capacitação  que permita, efetivamente esses companheiros de  assumirem a sua função.

 Quando o Ver. José Valdir fala a respeito de escola regular que não deu resultado, não sei do que está falando, porque na verdade nós estamos nos referindo a escola regular e nós não estamos nos referindo ao processo em pauta, exatamente o processo em pauta não é de escola regular. O processo em pauta é de um trabalho alternativo, louvável, mas que nem por isso deve deixar de ter um mínimo de critérios, e esses critérios, parece-me, se foram discutidos lá na comunidade, e o foram,  com absoluta legitimidade, não impedem, como parece sugerir o Ver. Renato Guimarães, que voltem a ser discutidos nesta Casa, porque esta é, também, a função desta Casa. Esse é o direito e a obrigação desta Casa. Se esta Casa resolveu abrir esta discussão, através de Emendas do Ver. Carlos Garcia, de posições do Ver. Luiz Braz e da Vera. Anamaria Negroni, nós não estamos nem tirando o direito do movimento popular, mas não aceitamos retirar o direito de os Vereadores fazerem a sua parte da discussão.

Como o meu tempo se esgotou, eu suspendo a minha intervenção, voltarei em outro momento, mas quero deixar bem claro que a discussão não se trata de, simplesmente, atropelar a Câmara porque houve uma decisão lá fora. Ela é válida lá fora, mas ela tem que ser retomada aqui dentro, e disso nós não vamos abrir mão. Se chegarmos a uma negociação, como parece que chegamos, é bom para os dois lados, para o movimento popular e também para esta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa tem a satisfação de informar que está presente entre nós a Secretária Substituta de Educação do Município, Profa. Sofia Cavedon.

O Ver. João Nedel  inscreve-se e cede seu tempo ao Ver. João Dib. O Ver. João Dib está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu diria desprezada Câmara Municipal, desrespeitada Câmara Municipal, pressionada Câmara Municipal que, sob pressão, terá que resolver um assunto que não conhece bem. O MOVA já existe, já funciona, já contratou as pessoas e o omisso Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sr. Raul Pont , que não vai mandar um projeto de lei para resolver o problema do transporte  público desta Cidade, manda-nos um projeto de lei pedindo autorização para que sejam abertos créditos de R$ 488.500,00. E o faz com uma exposição de nove linhas e meia, exatamente. E o Vereador desta Cidade, que representa o povo de Porto Alegre e não o Orçamento Participativo, vai ter de decidir em cima das nove linhas e meia. Não teve nem a gentileza de juntamente com o Projeto de Lei pelo menos mandar os livretos do MOVA que são quatro. Nós fomos receber depois quando a urgência estava decretada, quando se começava a discutir o assunto.

 Há uma série de incorreções, de inverdades, de desacertos. O censo de 1991 diz que havia 69.462 analfabetos em Porto Alegre. Já em 1996, e isso o Prefeito não fala, só havia 64.313. Em cinco anos resolveram o problema de cinco mil pessoas. E agora ele traz dados de 200 professores dando aula para 25 ou 40 alunos e mostrando que até o ano 2000 teremos vinte mil desses sessenta e quatro mil com seus problemas resolvidos. Só que a Câmara Municipal não sabe bem o que está acontecendo e ninguém se iluda porque não sou nenhum tolo, já estão todos contratados e a forma de contratação vai no Orçamento Participativo. Cada região do Orçamento Participativo terá um agente comunitário de alfabetização, portanto serão 16 agentes comunitários de alfabetização. Não é a Câmara que decide. A Câmara não decide nada. A Câmara dá o dinheiro para ele e não sabe bem para quê. Está aqui são R$ 488.500, 00:  material de consumo, R$ 21.850,00; remuneração de serviços pessoais, R$ 5.000,00; outros serviços e encargos, R$ 11.650, 00; subvenções sociais, R$ 432.000,00. Quer dizer, a Câmara não vai ficar sabendo como são pagos os professores. Não sei nem se vão pagar  200 reais para cada um. E subvenção social não paga ninguém. Subvenção social se transfere para entidades de assistência social. Não é assim que o problema deva ser encarado, sem explicação, com nove linhas e meia na mensagem. Agora, para fazer o proselitismo, para se autopromover, quatro livretos para a comunidade. A Câmara está aí para aprovar. Todos sabem que a Câmara é mais do que o próprio Prefeito porque nós temos 100% dos votos da Cidade aqui neste Plenário, mas é mais sensível do que o próprio Prefeito porque tem sensibilidade e capacidade de resposta. A Câmara não pode dizer não ao combate ao analfabetismo. Não pode! Não tem como dizer! Só que a Câmara não está elucidada de como as coisas acontecem. Hoje o Prefeito anuncia que vai assinar um contrato com a Caixa Econômica Federal de 14 milhões de reais. Eu não conheço a autorização para que ele assine o contrato. É possível que, depois de assinado o contrato, ele mande para cá, para que seja autorizada a assinatura do contrato, abertura de crédito de 14 milhões de reais. Para que ele faça esse tipo de operação, ele tem que ter autorização legislativa. Eu não sei o que fazemos aqui, se nós não fiscalizamos a Cidade. Eu acho extremamente difícil votar com o Prefeito, mas nem um pouco difícil dizer a todos: Saúde e Paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Apregoamos  a Emenda nº 4. (Lê.) Requerimento, de autoria do Líder do PT, Ver. Gérson Almeida, que pede a dispensa do envio da Emenda às Comissões. Em votação o Requerimento. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra para discutir o PLE nº 23/97.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nas raras vezes em que ocupo a tribuna deste Parlamento, em função do meu exercício na presidência, muitas vezes me sinto distante de questões com as quais eu tenho uma relação muito forte e muito antiga. Nada mais importante num país, numa sociedade, numa comunidade do que direitos e oportunidades iguais para todos e ninguém, neste mundo, terá as mesmas oportunidades, atualmente e há muito tempo, se não tiver condições de ler, escrever e se comunicar através desse código que a humanidade instituiu há tanto tempo. Quem não sabe ler sai em desvantagem.

Dizem que a pessoa que tem a infelicidade de nascer sem a visão, Deus compensa de alguma forma, desenvolvendo outras funções sensitivas. Mas, quem não sabe ler não tem razão nenhuma para que isso continue existindo.

Em 1963, eu assisti, de perto, o grande movimento de alfabetização voluntária na ilha de Cuba. Movimento em que os estudantes jovens de todos os setores da cidade foram para o campo morar na casa dos agricultores para a erradicação do analfabetismo. Assisti aqui no Brasil e participei de vários movimentos durante os meus 35 anos de luta na comunidade e na luta sindical, de movimentos que buscavam erradicar o analfabetismo. E hoje, para grande surpresa, estamos constatando que em Porto Alegre, a cidade que tem a maior qualidade de vida do nosso País, ainda tem em torno de 5% de analfabetos. É impossível que isso continue acontecendo. Por isso quero levar aqui o discurso de praticamente todas as Bancadas, porque com exceção de um ou outro Vereador,  nenhum deixou de dizer que era importante a alfabetização, nenhum deixou de reconhecer que esse assunto precisa ser levado a sério e a contento o quanto antes. E esse projeto que funciona permanentemente, assim como as escolas que estão funcionando, tem que ter todo o nosso apoio.

 A partir de 1989, quando tivemos a oportunidade de participar, como Secretário do Planejamento e, depois, como Vereador, também apoiamos outros movimentos, como as escolas infantis em nossa Cidade, como os  convênios-creche para garantir saúde às crianças de zero à seis anos. Nós que nos orgulhamos de ter entre nós, brasileiros, e entre nós Petistas, uma pessoa como Paulo Freire, recentemente falecido, ou uma pessoa como Darcy Ribeiro, também falecido há pouco, e tantos outros educadores que não são menos importantes do que esses mas, mesmo assim, continua o analfabetismo.

Então, Srs. Vereadores e visitantes que nos honram com sua presença, não gostaria de deixar passar esse momento sem dar o meu depoimento a favor da alfabetização. Acho que algumas emendas até podem ser motivo de um acerto entre as Bancadas, mas independentemente das emendas, o que nós temos que votar é o Projeto MOVA, para que ele receba  os recursos e comece a funcionar antes do recesso que vai começar amanhã. É nossa obrigação, nosso empenho e nossa vontade decidir hoje esse Projeto. Por isso vim à tribuna, como pouco acontece em minha vida ultimamente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz - às 11h): Apregoamos a Emenda nº 5. (Lê.) Requerimento, do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando que a Emenda nº 5 seja dispensada do envio às comissões. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. APROVADO.

O Ver. Gérson Almeida está com a palavra para discutir o PLE nº 23/97.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, sobre o Projeto em debate na manhã de hoje, quero dizer que não sou especialista na área de educação, portanto os equívocos que eventualmente venha a cometer aqui é devido a esse fato, e não a má-fé, ou qualquer outra coisa.

Penso que o debate que tem sido feito hoje, assim como nos dias anteriores, é bastante rico e demonstra a preocupação desta Casa com um dos assuntos mais importantes na agenda de qualquer homem público, ou de qualquer pessoa preocupada com o destino não só desta Cidade como do seu País, que é a questão da educação. E todas as críticas que este projeto tem recebido, a meu juízo, são críticas fundadas no desejo de aperfeiçoar, melhorar e não de inviabilizar o enfrentamento concreto e decidido ao analfabetismo na Cidade de Porto Alegre. Os dados, inclusive, que constam nos cadernos distribuídos demonstram que Porto Alegre é uma cidade com menor índice de analfabetismo no País. No entanto, isso não deve ser motivo de orgulho para a Cidade de Porto Alegre, porque são cerca de 70 mil pessoas, segundo dados de 1991,- logo, pode ter aumentado -, que são analfabetos. E isso fora da estatística de 5%, 2%, 3%, nós vamos ver que é dramática a situação, e é obrigação do poder público municipal enfrentar este desafio. O Projeto MOVA tem esta preocupação, já calcada na experiência de outro Projeto, muito importante, que é o Projeto SEJA, que tem feito a alfabetização de jovens e adultos.

Eu vou me reportar a um depoimento, dos tantos, mas um que especialmente me tocou, que foi do caro Ver. Eliseu Sabino. Ele contou a sua experiência pessoal de educando popular fora da escola formal. Hoje, é um dos mais atuantes e qualificados  Vereadores da Cidade de Porto Alegre. Vejam  a perspectiva de vida, que é a superação desta mazela de fundamental exclusão social, que é o analfabetismo, é algo importante

E nós, aqui, dentre as 33 pessoas que representam um milhão e trezentos mil habitantes de Porto Alegre, temos um representante desta importante política, que é a  de enfrentar o analfabetismo.

Eu quero dizer o seguinte: existem muitas dúvidas, especialmente quanto à questão que, se tiver o primeiro grau completo, apenas, é suficiente para ser um educador popular. Não há método pedagógico que seja unânime. O MOVA, como qualquer outro, não é unânime, também. No entanto, é importante saber que este Projeto MOVA está calcado não só numa das mais bonitas teorias de alfabetização como também está calcado numa experiência real, como é o caso do MOVA São Paulo. Vou apresentar alguns dados da avaliação feita  pela Secretaria Municipal de Educação  de São Paulo referente a aplicação do Projeto MOVA.

Uma das questões essenciais é que tem que estar articulado com a comunidade. A meu juízo um critério absolutamente necessário e correto. Nós sabemos as dificuldades que as pessoas têm de dizer que são analfabetas. Elas sentem vergonha de não saber ler e escrever.

Eu tive uma secretária que trabalhou comigo durante quatro anos, dia e noite, e  ela era responsável pela educação do meu filho de dois anos, à época, e só depois desse tempo é que fiquei sabendo que ela era analfabeta.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini se inscreve e cede o tempo a V.Exa.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Agradeço, Vereador, pela cedência do tempo. Eu procurei programa de alfabetização de adultos e não encontrei. Felizmente, anos depois, foi construído o SEJA, em Porto Alegre.

Outro item é tempo de bairro, articulação social, que é um dos critérios fundamentais: monitores e supervisores. No  SEJA de São Paulo, quase oitenta por cento dos monitores tinham até vinte anos no seu bairro. Isso, certamente, foi um fator importantíssimo para o sucesso que o projeto teve.

Escolaridade é uma questão bastante discutida aqui. O MOVA de São Paulo tinha como critério, no mínimo, o primeiro grau. Agora, na realidade, na prática, os supervisores que tinham o segundo grau completo ou mais se tornou a grande maioria. Vejam que isso não era o critério central ter ou não ter o primeiro grau ou o segundo grau. O critério central era estar orgânica, social e politicamente articulado com a comunidade que quer servir e enfrentar. Mesmo que o critério fosse limitado com o primeiro grau, na vida real, a grande maioria tinha mais do que esse requisito mínimo, eram professores também. No MOVA em São Paulo uma boa parte eram já professores. As expectativas com o MOVA, "Ler e escrever " 48%; "Seguir numa Escola Regular" 23%; "Ler cartazes e letreiros" 17%; "Ler livros, Bíblia e outros livros" 31%.  "De quem depende a aprendizagem", segundo a clientela do MOVA, da própria pessoa e do monitor, essa relação interativa entre aprendizando, aprendiz e professor, 70%. 70% tinham essa noção clara que eles também eram essa relação dupla que era o fundamental para o aprendizado.

Último dado, "O MOVA deve continuar?” 95,53% achavam que sim, deve continuar. "É um projeto calcado em uma experiência importantíssima e já está testada”, conforme a Coordenadora Liana Borges, do MOVA, não só em São Paulo, mas em outras experiências felizes.

Portanto, parece-me que é um ótimo programa, e mais, teremos com a liberação dos recursos, 10 meses para ampliar os debates e testar na prática as grandes virtudes, os defeitos que pode ter e, quem sabe, corrigi-los com a participação daquelas pessoas que vão construir a erradicação do analfabetismo na Cidade de Porto Alegre.  Isso é um orgulho para todos nós.  Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra a Vera.  Anamaria Negroni, para discutir o PLE nº 23/97.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, inicialmente gostaria de fazer uma observação a respeito daquilo  que nos foi colocado inclusive pelo Presidente desta Casa, o nobre Ver. Clovis Ilgenfritz. Ele colocou que estaríamos votando, encaminhando o projeto MOVA. Não estamos, neste momento, discutindo o  projeto MOVA. Estamos discutindo sim um outro projeto. O MOVA foi instituído através de um  Decreto do Prefeito Municipal. Esse projeto não veio para esta Casa para ser discutido. O projeto em  si não veio a esta Casa. Agora estamos discutindo sobre uma verba para que o programa  seja implementado. A verba no valor de quatrocentos e oitenta e oito mil não é alta para um projeto, um movimento de erradicação do analfabetismo. O importante é que a verba deve vir do Programa da Comunidade Solidária. Esse valor seria para complementação, e é isso que nós gostaríamos que ficasse claro. Inclusive, nós não sabemos de onde vem a verba e para onde vai essa verba que está em discussão agora. O que estamos discutindo aqui não é o Projeto. Isto tem que ficar claro: ninguém aqui é contrário.

Os Vereadores, antes da minha fala, estiveram aqui e discutiram, deixando claríssimas as suas posições no sentido de que não são contra o MOVA. Muito pelo contrário, somos favoráveis ao Movimento no sentido de terminar com o analfabetismo em Porto Alegre e no Brasil,  porém, da forma como está sendo passado para nós, essa pressão que estamos sofrendo, aqui, prova que se faz através do número de emendas e, na última hora, estão surgindo ainda mais e mais emendas. São essas coisas que estão em discussão. Estamos discutindo uma coisa que realmente nem sabemos, não temos a certeza. Acho que isso deveria ter sido discutido em cada Comissão, algo mais demorado. É esta a nossa posição: não somos contrários ao Programa, desde que esse Programa seja feito - como já apresentamos na Emenda nº 2 - no sentido de dar  oportunidade a pessoas capacitadas para alfabetizar. Inclusive a dúvida que tínhamos no sentido de oportunizar e ajudar os "amigos do rei", como disse o Ver. João Dib, isso ficou provado na sexta-feira passada, quando recebemos  em nosso gabinete uma moça do Campos do  Cristal que veio a mim e disse: "Puxa, Vereadora, a senhora nos ajudou tanto com  relação ao "shopping" e com relação às nossas casas, no entanto, agora eu quero ser uma professora de lá e a senhora está entrando com uma Emenda solicitando que o alfabetizador  tenha o curso de magistério.  A senhora está-me tirando a possibilidade?" E eu disse: "Não, estou dando a  possibilidade para que professores capacitados dêem aula no seu lugar." Obviamente, essa moça já saiu do meu gabinete - embora eu tenha conversado com ela - contra a minha pessoa e totalmente favorável à idéia do PT, de que o PT está fazendo alguma coisa por ela  e não nós, dos outros partidos. Muito grata.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O  SR. PRESIDENTE: O  Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLE nº 23/97.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Já tive ensejo em outras ocasiões , quando do debate prévio sobre esta matéria, de manifestar as minhas preocupações acerca da mesma. Entendia que o debate estava se encaminhando para uma situação inadequada. Agora venho à tribuna com satisfação para cumprimentar as Lideranças da Casa, que, em conjunto, consertaram uma emenda que, se não corresponde à posição de cada um dos Vereadores  das várias correntes da Casa, pelo menos concilia essas posições. É um fato positivo. A Emenda n º4, da qual fui um dos signatários, ela procura ajustar alguns cuidados que foram levantados na Casa, especialmente a partir dos alertas do Ver. Carlos Garcia, com uma necessidade de que, coerente com o discurso, todos nós não fôssemos negar a possibilidade de que recursos substanciais fossem colocados a serviço da educação, especialmente na recuperação de pessoas que ainda hoje se encontram no analfabetismo.

É evidente que não vou entrar na polêmica ideológica, no discurso daqueles que entendem que a coisa tem que ser feita como pensou Paulo Freire, numa realidade completamente diferente da de Porto Alegre, porque isso não é o mais relevante. O relevante é o seguinte: existe um programa destinado a reduzir mais ainda os índices de analfabetismo na Cidade e, nesse, nós temos que nos engajar e o fazemos da forma mais adequada que as nossas posições pessoais entender determinar nessa hora. Acredito que a Emenda nº 4, se não consagra definitivamente a situação, pelo menos encaminha para uma solução.  Porque, se é verdade que existe um número substancioso de professores à disposição do mercado de trabalho, que poderiam ingressar na tarefa de alfabetizar esses adultos e maiores de 10 anos que precisam ser alfabetizados, o item "d" da Emenda  nº 4  diz que na seleção devem, preferencialmente, ter formação na área de educação e coloca as coisas nos seus devidos lugares. Além do mais, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou acompanhar o Ver. Antonio Hohlfeldt na sua Emenda nº 5, com cujo texto concordo e acredito que assim fazendo já estou, de certa maneira, encaminhando o meu voto e dizendo claramente que vou votar a favor do Projeto e, seguramente, com as Emendas que a ele foram apresentadas, tendo que decidir tão somente,  entre a 3 e a 4, se  votando a 3 eu não estaria prejudicando a 4. No resto, as Emendas que foram apresentadas são no sentido de melhorar e qualificar o Projeto de Lei e, evidentemente, não terei a menor dificuldade de fazer, como disse o Ver. Pedro Américo Leal, superadas as discussões, dar o meu presente, dar a minha posição favorável  a que mais recursos sejam aplicados na educação. Afinal, seria a incoerência das incoerências se nós, que sempre vimos à tribuna reclamar que o Município não destina maiores verbas para a promoção de projetos educacionais, diante da possibilidade concreta de fazê-lo viéssemos a ter uma posição contrária. Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação. Com a palavra o Ver. Carlos Garcia para encaminhar o  PLE nº  23/97.

 

O SR. CARLOS GARCIA:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, neste momento breve antes da votação, é importante fazer algumas considerações que julgamos pertinentes. Primeiramente, tivemos o cuidado de ler atentamente o conjunto de quatro cadernos que compõem o MOVA,  ao mesmo tempo que o Ver. Antônio Hohlfeldt está propondo que seja anexado aos autos do Projeto. Desde o início procuramos discutir o MOVA, e só passamos a fazê-lo publicamente  depois da visita, a esta Casa, da Secretaria Municipal de Educação. Por quê? Entendemos que, eticamente, não era correto discutir esse Projeto sem antes ouvir os segmentos da Secretaria Municipal e como Vereador compromissado com a educação, procuramos contemplar aquela Emenda. Hoje, após ampla discussão interna, foi colocado um item: "ter, preferencialmente, formação na área de educação". Então, o que nós solicitamos, e ao mesmo tempo vamos estar atentos, é que cada uma dessas comunidades, que são diversas em Porto Alegre, realmente procure contemplar essas pessoas, porque quem tem a lucrar com isso é a população analfabeta de Porto Alegre, e tenho certeza que os 33 Vereadores desta Casa são a favor de extinguir, ou, pelo menos, procurar diminuir o analfabetismo em Porto Alegre.

Portanto, somos a favor do Projeto , com as Emendas 4 e 5. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, apesar de hoje o Ver. João Dib não dizer que se eu usar mais de dois minutos ele não vota comigo, eu vou usar dois minutos e ver se a Cidade recebe o voto do nobre Vereador. Eu já fiz uma longa exposição, a Bancada do PT vai votar favoravelmente ao MOVA, inclusive com as Emendas 4 e 5. A Emenda nº 4 foi amplamente discutida com várias bancadas no dia de hoje e deu uma alternativa positiva para vários Vereadores e bancadas que tinham uma série de questionamentos e dúvidas sobre um dos itens do Projeto. E como  está inserido dentro do contexto geral, não fere as questões essenciais - ao contrário, pode, inclusive, torná-lo mais arredondado - nós vamos votar na Emenda 4, assim como na Emenda 5, de iniciativa do Ver. Antonio Hohlfeldt, que solicita que os quatro cadernos distribuídos aqui na Câmara  e nas instituições e entidades diretamente ligadas ao Programa, sejam incorporados como anexo. Acredito que o objetivo seja o de transformá-los na sustentação mais geral, teórica e administrativa dos procedimentos feitos.

Este é o nosso encaminhamento e acredito que nos próximos 10 meses, tempo previsto para essa primeira etapa, a própria Câmara de Vereadores, por essa ampla discussão que fez, pode acompanhar o desenvolvimento e a adequação do projeto novo. E com certeza, a partir dessa experiência real e concreta, nós  conseguiremos torná-lo ainda melhor e enfrentar essa chaga social de exclusão que é o analfabetismo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o PLE nº 23/97.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu senti necessidade de vir a esta tribuna para fazer um encaminhamento, porque, na manhã de hoje, nós já declaramos que votaríamos favoráveis ao projeto, mas que estávamos trabalhando uma Emenda para que se pudesse determinar quais os profissionais que iriam, na verdade, trabalhar na alfabetização. Fizemos uma Emenda, e ela já tinha, praticamente, um consenso das oposições da Casa, mas o Ver. Adeli Sell e o Ver. Gérson Almeida, líder do PT, fizeram uma nova Emenda que englobava, inclusive, a Emenda que nós havíamos apresentado. Achamos por bem não retirar a Emenda que havíamos colocado, mas vamos recomendar que se vote contra essa Emenda para que a Emenda que todos nós acordamos - eu não assinei, porque não estava no Plenário -, a Emenda que foi apresentada em conjunto, praticamente, por todos Vereadores para que pudéssemos votar, essa Emenda, além de dizer preferencialmente que os educadores deverão ser licenciados entre aqueles que têm o curso de magistério, também engloba outros critérios, como pessoas que moram na comunidade, pessoas que conheçam a realidade da comunidade e aqueles critérios que já estão nos livros que foram editados e que são do conhecimento das pessoas que estão envolvidas neste movimento.

 Portanto, agora a nossa certeza é do voto no projeto, o voto na Emenda que não é apenas de um Vereador, mas do conjunto da Casa, que define os critérios que é a Emenda nº 4, e a Emenda nº 5, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, pega todos os livretos que foram editados e  coloca-os como partícipe deste conjunto de cláusulas que vamos aprovar, aqui, quando da votação do Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)  

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o próprio Presidente desta Casa disse que todos os Vereadores são favoráveis à alfabetização. Eu não sou diferente. Gostaria que todos os brasileiros soubessem ler e escrever, pudessem pensar com tranqüilidade e serenidade, estabelecer diferenças e encarar as coisas com a seriedade e com a responsabilidade que os governos precisariam ter. Este Governo que aí está - Partido dos Trabalhadores - foi levado pelo povo; portanto, é o meu governo também. Não sou  diferente de ninguém. Esta é a Casa do Povo, aqui estão 100% dos votos do povo. O somatório dos 100% dos votos é que elegeu 33 Vereadores, que sistematicamente têm sido desrespeitados com projetos como este que vamos votar agora, sem maiores conhecimentos. São medidas como essa que me deixam extremamente triste e até desacreditando em algumas coisas.

O Prefeito omisso que não encaminha um projeto de lei para  definir o transporte público desta Cidade, encaminha um projeto de lei,  em que afirma que 432 mil reais são aplicados em assistência social. Eu lembraria aos antigos Vereadores, sim, aos novos não, de como é difícil fazer a subvenção social. Colocar alguma coisa no Orçamento em benefício desta ou daquela entidade. Isso vai ser analisado depois do dia 30 de setembro deste ano. Mas o Prefeito pode fazer subvenção social, pode reduzir na reserva de contingência, sem nenhum problema. Sempre digo que político tem que ser engenheiro, médico, advogado, lixeiro, escritor,  poeta, tudo de uma vez só. No seu próprio corpo ele tem que ser tudo isso de uma vez só, para que ele diga, não o que ele pensa ou o que ele é, mas que diga  o que a população pensa e leve a população a raciocinar.

O projeto MOVA foi instalado em São Paulo no ano de 1992 pela Prefeita Erundina do PT, num livreto de 28 páginas de papel jornal. Aqui, temos quatro cadernos de papel de excelente qualidade, porque o dinheiro do povo de Porto Alegre deve ser melhor que o dinheiro de São Paulo, que tem 10 vezes o orçamento de Porto Alegre, lá, tinha 28 páginas, aqui quatro vezes 28 páginas. Mas quatro vezes está escrito o editorial do Prefeito Raul Pont, quatro vezes o editorial do Secretário e a publicidade da Cidade, o dinheiro do povo de Porto Alegre, isso não importa muito, não faz diferença.

Agora, lá a Erundina era PT também e só falou no MOVA, ela não trouxe mais nada, só pensou como é que ia funcionar, que benefícios  traria para a população, mas aqui tinha que ter publicidade, tinha que ter editorial do Prefeito quatro vezes, repetindo, é porque ele, na verdade, aprendeu muita coisa decorando, talvez seja isso. As pessoas lêem quatro vezes e decoram, aí pensam que o Prefeito é um grande Prefeito, mas é o mesmo que não enfrentou o problema de maior responsabilidade da Cidade, que é o transporte público.

Pode faltar telefone, e hoje está faltando em várias residências e escritórios de Porto Alegre e não está acontecendo nada. Pode faltar energia elétrica, ontem faltou na minha casa três vezes, não aconteceu nada. Pode faltar água, têm lugares na Cidade em que está faltando hoje e nada acontece. Mas, o transporte público, quando falta por 15 minutos, o povo sabe o que aconteceu quando pararam, por duas horas, na Zona Norte a confusão  que gerou em toda a Cidade. Então, o Prefeito omisso, talvez porque ele tivesse que assumir uma responsabilidade e não pudesse escrever o editorial quatro vezes, não mandou o Projeto de Lei a esta Casa, pediu que um Vereador o fizesse, tristeza profunda para este Vereador. Agora aqui, como tem publicidade para o Prefeito, quatro vezes o mesmo editorial, dinheiro do povo de Porto Alegre, só me cabe dizer saúde e paz. Vou votar favoravelmente.    

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa esclarece que as Emendas 01 e 02 foram rejeitadas por todos os Pareceres; então, não entram em votação. As Emendas 03, 04 e 05 serão votadas, após a votação do Projeto, uma a uma.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Esclarecimento): Sr. Presidente, a Emenda Nº 3 é a Emenda de nossa autoria? - pergunto a V.Exa. haveria, ainda, como retirá-la?

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Não. V.Exa. encaminhou falou sobre essa Emenda da tribuna.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Exatamente, para rejeitá-la.

 

O SR. PRESIDENTE: Iniciada a votação, não há como retirar a Emenda, Vereador.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Esclarecimento de Votação): As Emendas 3 e 4 são excludentes entre si? Uma prejudica a outra?

 

O SR. PRESIDENTE: Em princípio esta Mesa considera que alguma coisa há de sombreamento entre as duas. Poderíamos fazer um estudo mais aprofundado entre as duas se V.Exa. quiser.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): É que a Emenda 4 engloba a Emenda 3. Por isso mesmo nós pedimos que a Emenda 3 receba os votos contrários, porque, no último item dos critérios da Emenda 4, há a expressão: "preferencialmente profissionais da área da educação".

 

O SR. PRESIDENTE: Considero importante esse esclarecimento, que ajuda a Mesa a dizer ao Ver. Pujol que a Emenda 4 contempla, conforme o próprio autor da Emenda 3, a sua preocupação.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, eu não quero fazer um encaminhamento de votação. Na verdade, o que tem que ocorrer é a derrota da Emenda 3 para ser aprovada a Emenda 4.

 

O SR. PRESIDENTE: V.Exa. o fez.. A votação do Projeto pode ser simbólica. Não há necessidade de ser nominal, uma vez que ninguém pediu chamamento nominal de votos.

Em votação o PLE nº 023/97. (Pausa.) O Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa) APROVADO o PLE nº 023/97 por unanimidade.

Em votação a Emenda nº 3. (Pausa) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados.(Pausa) REJEITADA a Emenda nº 3 com 2 abstenções: dos Vereadores Carlos Garcia e Nereu D’Ávila.

Em votação a Emenda nº 4. Os Srs. Vereadores que aprovam com a Emenda permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

Em votação a Emenda nº 5. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados (pausa.)  APROVADA

O Projeto MOVA  - PLE nº 23/97 - foi aprovado  por unanimidade pelos Srs. Vereadores.

 

O SR. PEDRO RUAS (Esclarecimento): Comunico aos colegas que foi distribuída  circular em todos os gabinetes, cujo texto sucinto é o seguinte: " Srs. Vereadores encontra-se nesta Comissão - Comissão de Economia Finanças e Orçamento - o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, LDO, cujo prazo para apreciação do próprio Projeto e das Emendas expira em 04 de agosto. Informamos que até as 12 horas do dia 04 de agosto estaremos recebendo emendas dos Srs. Vereadores. Atenciosamente, Presidente da Comissão".

Até às 12 horas do dia 04 de agosto receberemos as emendas ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Conforme foi informado pelo Presidente da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, Ver. Pedro Ruas, as emendas para o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias só poderão ser apresentadas até o dia 04 de agosto, às 12 horas. Observem que dia 04 de agosto é logo no reinício dos trabalhos após o Recesso.

 

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1836/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 114/97, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que dá nova redação aos artigos 1º e 2º e acrescenta parágrafos ao artigo 1º da Lei nº 7958, de 08 de janeiro de 1997, que dispõe sobre o reajuste da tarifa do transporte coletivo do Município. Com Emendas nºs  01 e 02 e 03. Urgência.

 

Parecer-conjunto

- da CCJ, CEFOR, CUTHAB e CEDECONDH: Relator-Geral Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 02 e 03.

 

Obs.:

- retirado o Substitutivo nº 01.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 114/97.Sobre a Mesa há um Requerimento do Ver. João Dib, solicitando seja adiada a discussão por uma Sessão.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou discutir contra a iniciativa do Ver. João Dib por uma questão de ordem técnica e regimental. Quem sabe vamos votar contra esse Projeto? Eu me gratificaria se esse Projeto fosse meu. Eu diria até que é um Projeto coletivo.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt (Aparte anti-regimental): Meu não.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: V.Exa. não se integra nesse coletivo. Eu gostaria de ter a autoria absoluta sobre este Projeto, mas não a tenho. Quem subscreve é o Ver. José Valdir e esse Projeto nasceu em cima de uma questão concreta, foi um impasse surgido em Porto Alegre. Se deveria ter  sido mandado pelo Sr. Prefeito ou não, isso é uma outra discussão. A minha preocupação é se votarmos favorável ao adiamento, seria normal votarmos em outra situação? Pode ser pedido renovação de votação e vai para agosto. Essa é a minha advertência. Basta-se consultar o Regimento. Agora, não me assegura a palavra do Ver. João Dib, embora eu acredite na sua palavra e nas suas intenções. A Casa está conduzindo essa matéria há um mês e não podemos deixar para votar hoje à tarde, porque é pedida a renovação. Aí nós vamos jogar essa matéria para agosto? Nós temos condições de decidir? Vamos votar contra? Quem achar que essa matéria não responde aos interesses maiores da Cidade, quem achar também que custo salarial não entra para tarifa, quem achar que cai do céu determinados componentes que integram a tarifa, aí tem que votar contra mesmo. Agora, quem estiver convencido de que tarifa no Brasil,  vamos pegar o Rio Grande do Sul, abstraindo o vale-transporte, que tarifa não é remunerada pela passagem, aí tem que tomar outros rumos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais a título, não de advertência, mas de chamar atenção que esta matéria, votada à tarde, pode levar à renovação de votação. Eu não estou afirmando que será renovada, mas pode ser renovada. Se renovada, aí, na forma do Regimento, se leva para agosto. Se assim entenderem, muito bem! Muito obrigado.

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra, para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a incompetência me assusta, a inverdade me assusta muito mais; a justiça me agrada.

É muito difícil  fazer justiça, muito difícil mesmo. A inverdade é quando, no Sindicato dos Rodoviários, se diz que o Ver. João Dib é contrário, que é contra os rodoviários. Só um homem não-sério para fazer uma afirmativa dessas. Em momento  nenhum eu disse que era contrário aos interesses dos rodoviários. Disse que a incompetência faz um Projeto de Lei absurdo e estranho, difícil de explicar, e vou continuar dizendo. Pedi o adiamento para que Vereadores pudessem tomar uma posição e até dar cobertura a o Projeto de Lei. Mas são estranhas as colocações de alguns Vereadores, e a incompetência me assusta. Votado hoje, pela manhã, aprovado hoje, pela manhã, à tarde qualquer Vereador pode pedir a renovação de votação. Votado à tarde, a renovação de votação só pode ser pedida no mês de agosto e, portanto, não tendo decidido nada, se encaminha o Projeto de Lei aprovado ao Prefeito. Foi o que aconteceu várias vezes nesta Casa. Mas, agora, é maldade pensar-se que todos têm o mesmo grau de incompetência.

Tenho aqui um trabalho que fiz em 1966, que diz que a condição mais necessária do transporte coletivo é a tarifa justa, e entendo de tarifa porque fui o primeiro porto-alegrense, o primeiro servidor municipal a calcular tarifa. E devo dizer que me custou o meu cargo de Assistente Técnico da Secretaria, porque briguei com o Prefeito, que não queria que calculasse. Queria que desse generalizadamente 40% de aumento e dois anos depois, dados os 40%, tinha gente que ainda não precisava de reposição tarifária.

"A condição mais necessária do transporte coletivo é a tarifa justa, pois isso é o que serve tanto para o transportado como para o transportador. Para obtê-la, somente com planejamento apurado e calcado em dados estatísticos, pois sem a análise numérica dos elementos que constituem essa tarifa, ela nunca será precisa. Quando cobrada a mais, o lesado é o transportado; quando cobrada a menos é a empresa que estará descapitalizando-se e não poderá se manter. O usuário corre o risco de, no futuro, ter um mau transporte ou não ter nenhum. Tarifa justa equilibra o interesse do transportado e dos transportadores". Se escrevi isso em 1966, depois disso voltei a ser Secretário Municipal dos Transportes, voltei à Prefeitura e tive que decidir, muitas vezes,  a tarifa, e o fiz buscando justiça.

Agora, estamos em frente a um Projeto de Lei que não é bom, que não sei o que o Prefeito, omisso e irresponsável, deixou de cumprir com o seu dever de mandar um projeto de lei a esta Casa muito bem elaborado. Não basta o Secretário Municipal dos Transportes dizer que tem uma dezena de leis sobre transporte público, ele que consolide a legislação, ele que busque a solução. Se a Câmara votou no ano passado, e o Prefeito sancionou neste ano, responsabilidade do Prefeito e da sua incompetente Secretaria dos Transportes que fez esse estranho projeto. Estranho, muito estranho. Se um projeto desse tipo fosse apresentado por mim no passado, teria adjetivos desagradáveis para serem ouvidos. Agora, tudo é conluio, tudo é acerto, tudo é razão de demonstração de sabedoria que não existe. Nada é simples, e gostaria que as coisas fossem um pouco mais simples, e é por isso que pedi adiamento por uma Sessão. E se alguém  tem dúvidas, aprovem agora, porque pode acontecer um pedido de  renovação de votação, à tarde. Aprovem à tarde, só poderá  acontecer. A renovação de votação  no dia 1º de agosto; e a Câmara nunca esperou um pedido de renovação, que não existe. Agora, se fizerem hoje, à tarde, existirá.

Então, eu peço competência, seriedade, responsabilidade e digo: Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu peço ao Ver. Pedro Ruas que me ouça agora, porque ele tem uma tese que, na verdade, não é correta, porque este Requerimento, a aceitação ou não dele, é exatamente devido à possibilidade de nós atirarmos a renovação de votação para agosto. E, dentro daquilo que diz o Regimento, o Requerimento de renovação de votação, se nós votarmos agora de manhã, ele dará entra na Sessão da tarde, que é a primeira Sessão Ordinária. Só que o Regimento não diz que se nós temos que votar esse Requerimento agora ou depois, nós podemos votá-lo hoje. Podemos, ele dá entrada e podemos votá-lo no mesmo dia. O Regimento é omisso em relação a isso. Se os Vereadores desta Casa quiserem a renovação de votação, quiserem votar de uma outra forma, então, eles vão aceitar o Requerimento de renovação se por ventura ele houver. Se os Vereadores não quiserem a renovação da matéria, eles vão continuar votando pela não renovação e nós vamos, na verdade, ter o resultado hoje.

Por isso eu acredito que o Requerimento do Ver. João Dib, para jogar a matéria para a tarde, pode ser um Requerimento fatal com relação a nós precisarmos mandar esse assunto para ser discutido em agosto, ou podemos discutir esse assunto hoje. Eu acho que, até pelo problema que vivem os rodoviários, ou sim ou não, nós devemos resolver esse problema hoje e nós temos todas as armas, todas as condições de assim fazê-lo.  Nós temos uma tendência, dentro da nossa Bancada, que será afirmativa a votar contrário ao Requerimento do Ver. João Dib de adiamento para discutirmos essa matéria ainda nesta Sessão Extraordinária e, se por ventura, a matéria for aprovada nesta Sessão, ou rejeitada, se à tarde entrar um Requerimento de renovação o Presidente da Mesa pode colocar em votação esse Requerimento ainda no dia de hoje a fim de resolvermos esse assunto. Se quisermos mandar para agosto será a vontade do Plenário, o Regimento da Casa nos dá toda essa oportunidade. Ver. João Dib, no início eu concordava com o seu Requerimento, mas acredito que temos que resolver as angústias dos rodoviários rejeitando o Requerimento de V.Exa. para votarmos essa matéria pela manhã e nos sujeitarmos, se houver pedido de renovação de votação,  votarmos à tarde durante a Sessão. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Eu não quero passar por incompetente, já que falei tanto na incompetência, peço a interpretação da Mesa para o Art. 196, do Regimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos  buscar esclarecimentos. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Senhor Presidente e Senhores Vereadores, em suma estamos discutindo se decidimos agora ou daqui a pouco o problema criado  em função da realidade do transporte coletivo de Porto Alegre. Ouvi atentamente o Ver. João Dib, Ver. Luiz Braz e Ver. Elói Guimarães. Quero, da forma que sempre me caracterizou, colocar a minha posição de forma clara e transparente. Respeito a posição do Ver. João Dib com quem aprendi que um bom serviço de transporte coletivo só se faz com tarifa justa, foi ele, que, inclusive, quando era Secretário do Governo, que me deu a cobertura para que, na ocasião, em abril de 1983, quando eu transitoriamente, por quarenta e cinco dias, fui Secretário dos Transportes, tive, naquela ocasião, de presidir o que era, até então, o maior aumento tarifário que se tinha em Porto Alegre, ou seja, trinta por cento, recorde que perdi, depois, inúmeras vezes, porque fui desmoralizado pela inflação. Sou da opinião de que os fatos, quando se apresentam de forma inevitável, devem ser enfrentados com decisão, coragem e, sobretudo, com brevidade. Apesar da influência que exerce sobre mim o Ver. João Dib, cuja posição, via de regra,  coincide comigo, nesse particular a  nossa posição é discordante, porque não entendo que tenhamos que aguardar mais ainda para discutir esse assunto, que está se transformando até em um pesadelo nesta Casa, que todos os dias vê anunciado que   será decidido esse assunto, pela imprensa que não acompanha os fatos e que não entende algumas regras regimentais. É muito difícil eu passar para a opinião pública todo esse assunto de que se  eu votar agora de manhã,  à  tarde pode pedir renovação de votação,  e toda essa conversa que acontece em torno do assunto. Quero enfrentar esse problema. Já estou saturado de aguardar o momento de decidir. Estou encaminhando a minha posição e queira Deus, eu possa  tomá-la agora. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa esclarece ao Ver. João Dib que a votação do Projeto, hoje à tarde, inviabiliza um pedido de renovação ainda neste semestre. Teríamos  que, ou fazer uma Sessão Extraordinária para pedido de renovação, aliás, nem isso não pode, ele só poderá ser renovado em agosto, quando de uma Sessão Ordinária.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, vale dizer que, votado, hoje, de manhã, posso pedir renovação, à tarde?

 

O SR. PRESIDENTE: Já foi dito isso, no início.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, se for votado à tarde, só pode haver pedido de renovação em agosto, mas tem um problema, é que também fica impedida a Redação final. Ou seja, não se pode promulgar o Projeto agora. Por isso é importante os Vereadores saberem que é melhor que seja votado  agora. Se a Redação Final ficar para agosto e trancar o problema deles, não é justo. Que se assuma logo essa questão!

 

O SR. PRESIDENTE: Eu acho que V.Exa., ao fazer a colocação, esclareceu. Espero que todos os Vereadores estejam esclarecidos, para entrarmos no processo de votação.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, isso dignifica que a Redação Final ficaria presa?

 

O SR. PRESIDENTE: Se votar, à tarde, sim.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Esta é a interpretação que nós temos e justifica o nosso encaminhamento.

Em votação nominal o Requerimento, de autoria do Ver. João Dib, solicitando adiamento de votação por uma Sessão do PLL nº 114/97. (Após a chamada.): REJEITADO por 10 votos e SIM 21 votos NÃO.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, requeiro os apanhados taquigráficos desde a Questão de Ordem do Ver. Nereu D’Ávila até a constatação do resultado desta votação.

 

O SR. PRESIDENTE: V.Exa. tem deferido esse Requerimento. A Mesa tem a satisfação de nominar a presença sempre muito bem vinda entre nós, do jornalista Raul Moreau, da TV e Rádio Pampa, que visita a nossa Casa.

 

O SR. RAUL MOREAU: É um reconhecimento ao trabalho dos senhores.

 

O SR. PRESIDENTE: Muito obrigado. Registramos, também com muita satisfação, a presença do jornalista Roberto Villar, da Rádio Gaúcha, e do Ver. Antônio Veiga, do PMDB, Líder do Governo de Caçapava do Sul.

Passamos à discussão do PLL nº 114/97.O Ver. Elói Guimarães está com a palavra, para discutir.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,  eu reitero o que afirmei antes: me gratificaria ser o autor exclusivo deste Projeto, mas não sou. Este Projeto nasce de um impasse que se dá na Cidade de Porto Alegre, já do conhecimento público. Uma lei existente estabelecia a anualidade da tarifa e o IGPM. Por razões que não vêm ao caso discutir, porque é fato consumado, há um reajusta tarifário no mês de março, lá na frente o dissídio da categoria. E aí? Aí se cria o impasse. Somos procurados, somos consultados, outros também foram consultados, e colocamos claramente tratar-se de uma matéria muito pesada, altamente complexa, que teria que passar por diferentes estágios para que se produzisse um projeto.

Estando com o Prefeito Municipal diversas vezes, disse a ele. "Prefeito, encaminhe à Câmara um projeto, que nós, tranqüilamente, sem nenhum problema, o defenderemos". O Prefeito pondera, dizendo: “Vereador, a alteração da lei que estabeleceu a metodologia de cálculo foi feita na Câmara.  Quem sabe seria bom ela provocar a alteração?" Depois de trocarmos idéias, disse a ele: “Tudo bem, se a Câmara provocar a alteração, quais são as garantias, qual o engajamento do Executivo?" Prontamente, ele me respondeu: "Está à sua disposição, à disposição da Câmara, a SMT, a sua estrutura e os seus técnicos para elaborar o projeto." Aí, fizemos uma reunião aqui. Antes, eu havia conversado com o Presidente da CUTHAB, colocando-o a par: "Olhe, Ver. José Valdir, trata-se de uma questão de transporte, tem questão ligada à interpretação  da lei;  se comportava  ou não a lei - que denominamos Lei Záchia - uma segunda tarifa?" Eu respondi  que não, não havia como.

Ora, vejam bem, qual era o espírito da Lei Záchia? Pegar todos os custos operacionais e salário  e fazer a tarifa. Nem poderia ser diferente. Como é que se vai  fazer uma tarifa não incorporando os custos salariais, que representam hoje 48 a 50%? Esse era o sentido da lei. Mas esse impasse é concreto, objetivo, é aí que nasce essa proposta coletiva.  Isso é o que se pode chamar de um projeto participativo. Por que participativo? Da seguinte maneira: convocamos reuniões aqui. Quem esteve neste plenário? O Presidente da CCJ - convidada a CCJ -, o Presidente da CUTHAB - convidada a CUTHAB - a SMT, os rodoviários, os operadores e operadoras do transporte coletivo, assessorias. Discutimos. Viemos para uma segunda reunião. No dia 2 de junho, vejam bem, a categoria está presente, chama uma Assembléia Geral para o dia 2 de junho, às 20h e vem para cá, com indicativo de greve.  Está aí o Presidente, a Diretoria para comprovar. E, depois de grande discussão aqui, nós até abrimos e eu convidei vários Vereadores para assinar a lei, inclusive os Vereadores João Dib e Fernando Záchia, dizendo: Quem sabe nós assinamos este Projeto, presente a Secretaria que ia  trazer subsídios para que nós o escrevêssemos ...

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Vereador, o seu está esgotado. O Ver.  Nereu D'Ávila inscreve-se e cede o seu tempo ao Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Nessa reunião,  eu disse: Vamos elaborar um Projeto;  a Secretaria, fornece o referencial, porque se trata de matéria complexa. Qual a fonte em que vamos buscar o subsídio? No órgão de gerência  do Município, porque ele é que vai estabelecer tarifas. Vereador não estabelece tarifa, meu caro Raul Moreau, quem fixa tarifa é o Poder Executivo através de Decreto. O que faz o Vereador? Faz uma lei estabelecendo regras, parâmetros, balizamentos. Quem vai trabalhar nesses limites, nessa área é exatamente o Executivo. Convidamos o Sr.  José Valdir que nos disse que subscreveria e a partir dali viemos trabalhando esse assunto, trazendo toda essa discussão.

O que digo do  Projeto? O Projeto é excelente, é muito bom, por quê? Porque é um Projeto óbvio, têm países que  têm outros subsídios para elaborar a tarifa, usam vários mecanismos tarifários no mundo. Há aqueles, por exemplo, como o Rio Grande do Sul, e grande parte do Brasil, onde a tarifa é paga tão-somente pelo passageiro. Exceção que eu faço é o vale-transporte, porque todos sabem que ele dá um subsídio, mas a  regra geral no Brasil é o passageiro  quem paga a tarifa. O que é tarifa? A tarifa é pegar todos os  custos do transporte, salário, capital, remuneração disso, daquilo, trabalhado em cima de uma planilha e dividir pelo número de passageiros pagantes. Vejam bem: hoje, aqui em Porto Alegre, estamos com uma faixa de 12, ou seja: 13% de isentos. Sabem quem paga essa isenção? É aquele "Zé da Marmita". Aquele é quem paga a tarifa de isenções. Não sou contra isenções, mas tenho que registrar, porque é o passageiro quem paga. É o trabalhador que sai de madrugada de casa quem paga, inclusive isenções de pessoas que ganham dez vezes mais do que aquele que paga a tarifa. São coisas que - vamos ser claros - não são muito justas.

Então, o Projeto é excelente, porque estabelece o seguinte: para que se faça o cálculo tarifário ele determina uma planilha de custos. Essa planilha de custos tínhamos quando  fui Secretário Municipal dos Transportes, não diria concebido, porque o GEIPOT trabalha há vinte e tantos anos com essa matéria. Então, tínhamos uma planilha de custos nacional. O que fizemos, quando Secretário dos Transportes, em 1987? A Lei 5891.  Reuni na Secretaria todas as partes interessadas, e a comunidade, com contribuição inclusive de Vereadores. Lembro de uma contribuição do Ver. Antonio Hohlfeldt, quando um dia eu denominei de "gatilho tarifário", e o Ver. Antonio Hohlfeldt  me levou à Justiça. Fui notificado, pela Justiça, Vereador. Apenas estou lembrando, não estou reclamando. Eu disse que ele foi o inventor do “gatilho tarifário”, e o Ver. Antonio Hohlfeldt me notificou judicialmente e eu fui à presença do Juiz e lá fiz as minhas declarações. É apenas um registro histórico, porque afinal de contas ele estava exercendo o seu ofício, e eu o meu.

Temos a planilha de custos. Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, trabalhar com um indexador apenas, o IGPM,  em matéria de transporte coletivo, podemos estar criando  um problema seríssimo.

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Juarez Pinheiro se inscreve e transfere o seu tempo ao Ver. Elói Guimarães, com a concordância dos Srs. Vereadores inscritos. V.Exa. tem mais 5  minutos.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato aos Vereadores e à compreensão dos que iriam me suceder, porque poderiam utilizar mecanismos para truncar a  minha exposição.

Como é que se faz a aferição tarifária? Há vários elementos fundamentais como o PMM, Percurso Médio Mensal; o IPK, Índice de Passageiro por Quilômetro; além do custo e da unidade de tempo são elementos que entram para se definir a tarifa do transporte coletivo.

O Projeto do Ex-Vereador Milton Zuanazzi, que eu tenho em mãos, é excelente, porque traz a nova tarifa do GEIPOT. Foi feita uma reunião dos prefeitos das capitais - e aqui o ex-Prefeito Tarso Genro, é bom que se faça justiça, teve um papel muito importante -, que, inclusive, foram, juntamente com secretários municipais, ao Presidente da República, para avançar daquela planilha que nós tínhamos para uma nova planilha.

Há um material nesse sentido que é a chamada planilha do GEIPOT, com contribuições de secretários e técnicos. Então, o Ex-Vereador Milton Zuanazzi, sem ser especialista na área, perguntava: "Qual é o transporte que nós queremos?" Dependendo do transporte que nós queremos, nós teremos a tarifa. É evidente que se nós oferecermos uma frota de um ano, ar-condicionado,  rodomoça, jornal, etc., nós teremos uma tarifa; se nós alterarmos esses custos, pagamos mal o motorista e o cobrador, diminui a tarifa é verdade. A tarifa é exatamente trabalhada em cima desses dados concretos.

 Um festejado cronista da cidade,  que num determinado momento, fala sobre tudo, e é inteligente, mas não sabe sobre tudo... Parece-me que no mundo poucas pessoas sabem sobre tudo. Tem um que é inteligente, mas não sabe sobre tudo. Sabe alguma coisa, escreve muito bem. Em uma discussão que se deu há três ou quatro anos, colocava-se como absurdo, que  a tarifa de Uruguaiana era mais baixa do que a de São Gabriel que é 200  a 300 km adiante de Uruguaiana,  então eu coloquei as fórmulas no papel e remeti ao cronista como  contribuição, e ele parou de falar. É possível sim um transporte para Uruguaiana ser mais barato que para São Gabriel, basta dar uma freqüência menor para São Gabriel e uma freqüência maior para Uruguaiana, se eu tiver índice/passageiro por quilômetro eu posso ter uma tarifa mais barata para Uruguaiana do que para São Gabriel. O que eu estou dizendo na Casa é o óbvio, todos sabem. È só ver como se regulam os preços do transporte coletivo.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quanto à planilha, se eu tiver um indexador como o IGPM e outros, como é que eu vou ampliar o PMM. Se eu quiser fazer novas linhas, ampliar determinadas áreas, criará indiscutivelmente problema, porque não tenho como mensurar. Quanto mais transporte eu der para uma cidade e quanto mais qualificada, do ponto de vista dos equipamentos for, melhor será  esse transporte. Já estou indo para encerramento,  talvez tenha necessidade de voltar para o debate, porque esta é uma matéria que, para sair daqui, teremos que  passá-la por uma peneira bem fininha para que não fique nenhuma dúvida. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para discutir o  PLL nº 114/97.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Ver. Elói Guimarães colocou argumentos importantes, e, ao final da sua exposição, chama a atenção para a necessidade de esclarecimento da matéria. Nesse aspecto, respeitosamente, concordo com S. Exa. O esclarecimento da matéria, Srs. Vereadores, entretanto, não se dá apenas pelas justificativas de aumento tarifário. Ao contrário, temos que analisar que, num primeiro aspecto, os senhores rodoviários - integrantes da categoria profissional dos rodoviários - têm absoluta razão nas suas reivindicações. E têm razão, não é apenas pelo mérito das reivindicações dos trabalhadores do setor; têm razão, porque a Justiça do Trabalho decidiu que eles tinham razão. Além do mérito, eles têm a seu favor uma decisão judicial da maior importância e do conhecimento de todos.

Por outro lado, temos nas mãos um conflito que é de ordem e de origem trabalhista. Ele se dá no âmbito dos trabalhadores e de seus patrões. Patrões que, dificilmente, reconhecem os direitos dos trabalhadores. Patrões conhecidos e reconhecidos como negadores de direitos elementares como os que os rodoviários pleiteiam.

Numa outra ponta, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, temos a população de Porto Alegre. Então, esse é um dado da maior importância, temos dados oficiais de diversos institutos: DIEESE,  DIAP, demonstrando  que o desemprego e o subemprego crescem de maneira assustadora em todo o País e Porto Alegre não é exceção! O nosso papel  - isso quero frisar - o papel dos Vereadores, aqui, não é analisar o conflito trabalhista que existe,  e os rodoviários têm razão o nosso papel é verificar as condições da população para suportar o aumento desse teor. O Ver. Elói Guimarães dizia, e sou amigo de S. Exa., companheiro de Bancada, que o Projeto não traz aumento tarifário. Ora, Vereador Elói, com o maior respeito, amizade e admiração que tenho por V.Exa., é obvio que traz, pois é o Projeto que possibilita o aumento, sem este não tem aumento tarifário, aí mesmo é que não tem. Se reprovarmos o Projeto hoje, não terá aumento tarifário. Então, o Projeto traz sim, o aumento tarifário, porque sem ele não haveria o aumento. Se mantivermos em vigor a Lei 7958/97, de autoria do ilustre Ver. Luiz Fernando Záchia, não teremos aumento da tarifa em Porto Alegre, isso é bom que fique bem claro, para que não fiquem as pessoas dizendo ou achando que a Câmara não está legislando sobre tarifas. Vamos ser claros, não estou aqui cobrando votos de Vereadores, não cobrei e não é o meu estilo, estou aqui externando uma posição de coerência com uma luta de muitos companheiros na área comunitária e sindical, que não têm como, agora, transferir esse ônus para a população carente, subempregada ou desempregada. A população de Porto Alegre, que não foi consultada sobre esse problema, como de resto não o é, como regra,  é quem terá que arcar com esse ônus.

Os empregadores de transporte coletivo, que são permissionários do serviço público, têm, nos seus conflitos, uma solução fácil. Primeiro, negam os direitos dos trabalhadores. Eu chamo a atenção, Srs. Vereadores, porque o meu tempo se esgota e a Ver. Teresa Franco se inscreve para ceder a este Vereador, gostaria que a Mesa consultasse os demais inscritos.

 

O SR. PRESIDENTE: Consulto aos Vereadores João Dib, Clênia Maranhão e Cláudio Sebenelo e, com a concordância deles, devolvo a V.Exa., além do tempo que faltava cumprir, mais cinco minutos.

 

O SR. PEDRO RUAS:  Muito obrigado, Sr. Presidente. Então, a população de Porto Alegre, Srs. Vereadores, que não foi consultada e é parte estranha a este conflito, no qual eu repito, os rodoviários têm razão, é quem está sendo chamada para pagar a conta. Então, nós temos, de um lado, um conflito que é sério, que é importante.

 As armas utilizadas, juridicamente, pelos rodoviários são corretas, são adequadas, são armas legítimas dos trabalhadores. Mas aqueles patrões, aqueles que nunca perdem, aqueles do transporte coletivo, aqueles que sempre vencem, aqueles que negam os direitos dos senhores, aqueles patrões não reconhecem o que os senhores pretendem e pouco se importam com a população de Porto Alegre. A população é chamada a pagar uma conta que não é dela; se fosse, ela deveria ser, ao menos, consultada. E não é. Então, nós temos uma situação grave, socialmente falando. Grave, delicada, porque o Projeto que abre a porteira para aumentos tarifários salva a situação dos patrões, dos empresários do transporte coletivo. Aparentemente, segundo eles, é para resolver o conflito dos senhores. E não é! Que garantia nós temos de que todo aumento será repassado aos rodoviários? Onde está escrita essa garantia? E os aumentos futuros? E quando o IGPM superar 6,8% além do dissídio? O que será repassado aos trabalhadores?

Por isso, é importante salientar que nós temos, realmente, em mãos, a decisão. Repito: nunca cobrei voto de vereadores. Os Vereadores são representantes do povo de Porto Alegre e têm consciência do seu dever. Falo, exatamente, no encaminhamento do meu dever, da minha luta, da minha coerência, do meu trabalho, das pessoas que respeito nessa área, dos exemplos que tive nessa área.

Para esses senhores, empresários do transporte coletivo, nada é suficiente. Nada! Se for 0,60, se for 0,80, se for um real, se forem 2 reais, para eles é pouco. Ao longo de sua existência, nada foi suficiente, e nunca será. Eles têm problemas? Certamente que sim, mas eles que tratem de resolver os seus problema, sem esse achaque ao bolso da população. Porque para todos nós é claro as intenções são as melhores as intenções, dos Vereadores Elói Guimarães e José Valdir, são as melhores. O problema, Srs. Vereadores, Sr. Presidente, é que a população não tem condições de pagar essa tarifa. É o caso de todos os parlamentares que diariamente têm que conseguir fichas, aconselhar pessoas, que muitas vezes vêm a pé aqui, que vão trabalhar a pé, por não terem condições de pagar sessenta centavos de tarifa. Vão procurar emprego como? Vão comer como? Esse é o aspecto mais importante, o aspecto que me leva à convicção de que devo votar contra esse Projeto que determina aumento tarifário. Essas são as minhas, convicções.

 E, no aspecto paralelo, é mais importante o aspecto social, a impossibilidade de a população, que não é parte nesse conflito, arcar com a sua conseqüência, com o seu pagamento. Paralelo a esse aspecto nós temos um dado legal da maior importância: o dado é que o parecer prévio, folhas 30 do Processo que estamos analisando agora, coloca como vício de iniciativa a sua análise do Projeto. Então a Procuradoria da Casa em um Parecer prévio ao Projeto diz que há vício de iniciativa, que o Executivo é que tem competência legal para tanto. Ora, Srs. Vereadores, nós estamos diante de dois problemas muito sérios. Primeiro: a adequação social de um Projeto dessa ordem. Segundo.: o veto legal da Procuradoria da Casa, órgão competente para tanto, que reprova o Projeto. Por isso, por todas as razões  expostas, o Projeto precisa ter de nossas posições um enfrentamento sério e o voto contrário ao Projeto. Muito  obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o PLL nº 114/97.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como eu já falei da minha mediocridade, eu não preciso dizer outra vez que talvez não consiga dizer tudo o que quero em cinco minutos, mas vou tentar. Eu não sei todas as coisas, como alguém possa ter pensado, mas daquelas que eu sei, sei bem, uma delas é transporte coletivo nesta Cidade. Sei do transporte coletivo nesta Cidade, porque já fiz estatística, porque já comprei ônibus, porque já fiz itinerário de linha de ônibus, porque eu já estava dentro de um ônibus, que ia ser apedrejado e eu imaginava que isso iria acontecer; assim aprendi essas coisas todas. Em 1964 já havia um Projeto, que se transformou em Lei, estabelecendo, não a imponência da metodologia do cálculo, mas apenas o cálculo tarifário. Em 1958 eu calculei pela primeira vez a tarifa em Porto Alegre - e até já contei aqui  que fui demitido pelo Prefeito Tristão Sucupira Viana, de saudosa memória e meu amigo. Há algumas coisas que não posso entender... Eu entendo, perfeitamente, as dúvidas e as necessidades dos rodoviários. Entendo, porque conheço, porque convivi com motoristas, com cobradores, no DATC, no DTC, na Secretaria Municipal de Transportes e nas ruas desta Cidade. Eu conheço isso, perfeitamente, e é uma das coisas que entendo e que conheço. Não posso entender e vejo com estranheza a falta de responsabilidade do Prefeito desta Cidade que, inclusive, incitou os rodoviários à greve. Não assumiu o seu dever! Não assumiu a sua responsabilidade! Ele deixou acontecer, porque quanto pior, talvez seja melhor.

Eu não tenho nenhuma dúvida de que a grande condição do sistema de transporte - em que não cabe concorrência, pois tem que ser medida, tem que ser pesada- é a tarifa justa, e não tenho dúvida de que não há na tarifa de hoje condições de pagar aos rodoviários o que eles têm direito e o que merecem. Não serei o obstáculo para que o Projeto malfeito do Ver. Elói Guimarães e do Ver. José Valdir, assessorados pela incompetente Secretaria Municipal dos Transportes, seja aprovado. Eu vou abster-me de votar. Eu não quero criar problemas, mas que é um Projeto malfeito, um Projeto burro, isso é! Quando se fala que tem que fazer a reformulação e que tem que recalcular, esquecer os autores que a lei nº 7958 continua mantendo a eliminação da lei da metodologia do cálculo feito em 1987. Não tem como a Prefeitura usar planilha. Depois o Prefeito tem 60 dias para regulamentar, mas se ele queria resolver teve mais tempo, inclusive com minha opinião sincera, e não resolveu. Será que vai deixar os 60 dias. Até nem vou falar e o Regimento viu que eu estava certo. Era melhor votar de tarde, mas não quiseram. Tem aqui um artigo da lei que diz que a aplicação do disposto no parágrafo 1º se dará durante a vigência do Plano Real. Mas será que já querem terminar com o Plano Real também? Mas para que tem que se ter isso numa lei? O que tinha que ter era a fórmula de calcular e essa foi retirada porque  mantém a Lei nº 7958, no art. 7º, que diz: "Revogam-se as disposições em contrário, especialmente a lei nº 5891 de 08 de março de 1987." Isso não foi alterado e tinha que ser.  No Substitutivo estava alterado. O Substitutivo de autoria do Ver. Záchia queria resolver o problema. Não estou dizendo que esse Projeto não queira resolver o problema, tenho certeza que quer, só que acho estranho e descabido. Pela redação que tem, não vai resolver. Eu também vejo a boa vontade do Prefeito em mandar fazer greve para conseguirem os direitos que têm. Todos aqui reconhecem os direitos dos rodoviários, menos o Prefeito que não reconhece a sua responsabilidade e o seu dever e jurou cumprir a Lei Orgânica. O art. 94, bem lembrado pelo Ver. Pedro Ruas, diz que é dever do Prefeito resolver este problema. A Procuradoria da Casa diz isso, mas parece que ele não quer resolver. Ele quer o problema, até porque só um  dia de passagem gratuita daria 5% de aumento para os motoristas e cobradores. Saúde e paz para todos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra, para encaminhar o PLL nº 114/97.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Rodoviários que acompanham esta Sessão. Eu acredito que  a intervenção feita pelo Ver. Pedro Ruas recoloca nesta tribuna questões fundamentais para reflexão desta Casa e do conjunto dos Vereadores antes de chegar no período de votação. Porém, fiz questão de me pronunciar sobre esse Projeto, para que possa ficar clara a posição e os motivos que me levam a votar contra o Projeto do Ver. Elói e do Ver. José Valdir. Quero, preliminarmente, reafirmar o legítimo  direito dos trabalhadores rodoviários, de pleitearem o seu aumento. Quero resgatar aqui a posição de respeito à luta dos trabalhadores, que hoje têm a sua situação salarial criada pelo impasse, inclusive disputando na Justiça  o seu direito. Por outro lado, quero colocar  a responsabilidade desta Casa em administrar os problemas da cidade, procurando sempre apoiar a luta dos trabalhadores, e a garantia dos direitos dos cidadãos. Recentemente, tivemos uma  outra discussão que envolvia a questão de aumentos para uma parcela significativa da população de Porto Alegre. Foi o aumento dos táxis. Acho que esta Casa conseguiu ter uma posição em defesa da maioria da população. Acredito que nesta votação, a posição desta Casa será similar, porém acho da maior importância dizer que, na verdade, esse debate deveria estar sendo travado em outro espaço público e que até agora, para mim, não está claro por estarmos tentando definir o conflito legítimo por parte dos trabalhadores e inexplicável por parte dos empresários. É estranho que a nossa ação política tenha que ser transferida para a responsabilidade de árbitro de uma ação que não é de nossa atribuição. os trabalhadores têm acompanhado com esforço muito grande, porque  além de suas tarefas profissionais, têm ainda que estar nesta Casa durante dias a fio, na definição de um processo que, segundo o próprio Ver. Elói Guimarães  não é para aumentar preço de tarifa. E, eu pergunto ao Vereador, se não vai haver aumento da tarifa, vai haver aumento no salário dos rodoviários? Se o Projeto for aprovado, evidentemente, vai haver aumento nas tarifas.

A realidade pode ser desagradável, mas é real, quem votar a favor deste Projeto vai, na prática, efetivamente votar a favor do aumento da tarifa para a população de Porto Alegre.

Eu quero dizer, inclusive na presença dos rodoviários, que recentemente nós tivemos nesta Casa uma votação muito importante, quando nós discutimos a implantação do Shopping Cristal, e  eu fiz questão de ocupar esta tribuna para dizer que eu era a favor da sua implantação, mas que não estava escrito naquele Projeto que a população daquela região iria ter assegurada a sua transferência para moradias dignas. Não estava expresso, no ponto de vista dos seus direitos de habitação. E até agora o conflito com a população não está resolvido. Quem diz que está assegurado para os rodoviários o seu reajuste? Não está assegurado.

Para concluir, eu acho que esta Casa tem que deixar clara a sua posição, do ponto de vista político, de apoio à luta dos trabalhadores rodoviários e a sua obrigação política com a Cidade de recolocar onde tem que ser recolocado a questão do reajuste das tarifas das empresas concessionárias, do Poder Público. E não adianta o Executivo se eximir das suas responsabilidade, porque é uma falsa aparência. Gostaria de fazer uma pergunta e se esta Câmara, por acaso, que espero que não aconteça, votasse a favor do reajuste das tarifas, qual seria a posição do Executivo? Vai vetar o Projeto, vai sancionar  o Projeto ou vai ser contra o aumento da tarifa? Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para  encaminhar o   PLL nº 114/97 .

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o prefácio  d “A Hora e Vez de Augusto Matraca, do escritor Guimarães Rosa, diz que o sapo não pula por boniteza, mas porém, por precisão. Pois a incompetência da administração municipal ao não incluir no cálculo de fevereiro o valor do custo do dissídio dos rodoviários, por omissão e muito provavelmente,  por uma razão política  de, inclusive,  impor uma tarifa mais baixa que o necessário, manda agora para a Câmara a incumbência de descalçar a bota desse impasse entre a Prefeitura e a ATP.  Isto é,  a Prefeitura ficou bem com os usuários e com a ATP, mas manda para a Câmara o depósito de todo esse lixo administrativo resultante dessa forma de administrar; mandou o MOVA que já estava em funcionamento, vetou os Jogos Metropolitanos,  invadiu  o Beira-Rio, e tudo isso faz parte de uma mesma coisa. E, como o sapo, vamos ter que pular e dizer aos rodoviários que somos totalmente favoráveis aos seus pleitos. E acho que devemos lutar pelos cobradores mesmo com a presença das roletas, e contem com a Câmara Municipal e, especialmente, com a Bancada do PSDB para diminuir a jornada de trabalho de oito para seis horas. Mas repassar para o usuário, esta Câmara jamais poderá fazê-lo.

Votaremos contra a essa profundamente simpática solução do Prefeito Raul Pont de mandar fazer greve, façam a greve,  e vai estourar o problema nos rodoviários, quando, na verdade, a origem do problema está  muito longe da classe rodoviária. Ele quer que agora resolvam o impasse junto aos proprietários das empresas de ônibus como diz a UAMPA, "Com seus fabulosos lucros de cartel",  que a ATP reponha os salários dos trabalhadores rodoviários que desenvolverem uma atividade de grande valia social e de grande risco permanente. O interesse do usuário não é mercadoria descartável, ou joguete das incompetências administrativas intimamente associado com o interesse maior do segmento patronal, presente muito sutilmente nesta Casa,  sem coragem de usar a Tribuna Popular e fazer as suas reivindicações.  Não sei  por que a Administração do PT não se sente usada, neste Projeto, pelo segmento patronal, deveria sentir-se. A qualidade do transporte não pode estar em jogo. Dizer-se que se esta Casa votar contra vai diminuir a qualidade do transporte, dizer isso é uma inverdade já que a manutenção, a melhora e a compra de veículos está dentro deste plus tarifário que já existe no cálculo da tarifa. Aliás, a qualidade da frota atual já é sofrível com 40% dos bancos de fibra de vidro, e a  frota com mais de 5 anos em média de uso. À Câmara só nos resta, como sapo, pular por  precisão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador. )

 

  O SR. PRESIDENTE: Conforme o § 2º, do Art. 187, a Sessão Extraordinária terá a duração máxima de 4 horas, no § 3º, desse mesmo artigo, diz  que a Sessão Extraordinária poderá ser seguida por outra da mesma natureza. Estamos nos aproximando do período máximo desta Sessão.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Senhor Presidente, lembro à Mesa que temos uma Sessão Ordinária às 14h.

 

O SR. PRESIDENTE: Às 13h8min será encerrada esta Sessão e imediatamente após será aberta uma nova Sessão Extraordinária para o prosseguimento do exame da Ordem do Dia da presente Sessão.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Até que horas?

 

O SR. PRESIDENTE: Até o cumprimento da ordem dos trabalhos.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): E a Sessão Ordinária?

 

O SR. PRESIDENTE: É um fato que se enfrentará na oportunidade.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Entendo absolutamente anti-regimental.

 

O SR. PRESIDENTE: V.Exa. está-se antecipando aos fatos.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Estou deixando um registro.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para encaminhar o PLL nº 1143/97.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, relativamente ao Projeto que está sendo votado,  gastaria de enfatizar que a famosa Lei Záchia, como tem sido chamada, foi sancionada em 08.01.97, ou seja, neste ano. Na primeira oportunidade em que ocorreu um impasse, cria-se uma nova lei. E nós tivemos a oportunidade de verificar, foram 25 votos favoráveis e um voto não e três abstenções. Mas há um detalhe importante que nós gostaríamos de registrar, e já discutimos na televisão com os Vereadores do Partido dos Trabalhadores, se a Lei estava mal formulada, o Prefeito tinha condições de vetá-la. A Lei está mal formulada? Seria vetada e novamente viria para esta Casa. Caberia aos Vereadores derrubar o Veto ou não. Mas não foi feito e foi sancionada.

O segundo ponto que nós achamos importante é que nós somos totalmente favoráveis, e nem poderia ser diferente, ao aumento, à questão do dissídio dos rodoviários, porque é justo, é pertinente, a Lei faculta isto. Ao mesmo tempo, nós achamos estranho que a classe patronal não sente com os rodoviários. Em nenhum momento veio a esta Casa conversar com os Vereadores para dizer das suas dificuldades. Não. Simplesmente, numa posição cômoda, coloca os rodoviários - e peço desculpas aos rodoviários aqui presente - numa posição de marisco, ou seja, colocando a população contra a categoria. E, pasmem, mais de um milhão de usuários vão ter que arcar com este ônus. O lucro dos permissionários está previsto em lei, é de 12%, mas eles não abrem mão disso, nunca. E será  somente 12% que estão ganhando? Tenho as minhas dúvidas. Poderemos questionar isso. Nós já fizemos o exercício, aqui, nesta Casa, a respeito do salário mínimo: em 1989 se adquiriam 456 passagens; hoje, 200 passagens. Ou seja, o trabalhador, de quem se diz tanto que, hoje, tem frango para  comer, mas com o mesmo salário-mínimo ele só pode adquirir 200 passagens, quando  antes eram 456. Alguma coisa está errada. Segundo dados da própria Secretaria Municipal de Transportes, foi feito um estudo, através do Economista  Darci Francisco, estudo que está à disposição, e  o IPK  diminuiu, ou seja, o número de passageiros, em Porto Alegre, desde  1993 não aumenta. Esses dados foram fornecidos pela Secretaria Municipal dos Transportes. Parece  que ninguém nasceu nesta Cidade, ninguém morreu ou morreram muito mais do que as pessoas  que nasceram. Agora, há um outro detalhe: será que esse número de passageiros que não está circulando em  Porto Alegre também não tem nada a ver  com a carestia, com a questão de que o povo não tem como se locomover, como se alimentar? Porque esses dados, nós enfatizamos, são da própria Secretaria Municipal dos Transportes

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa entende que as bancadas poderiam acordar em vencer a discussão neste momento e reabrir uma Extraordinária apenas para  encaminhamentos  de votação.

 

O SR. CARLOS GARCIA: O Ver. Eliseu Sabino vai se inscrever e me cederá o seu tempo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O  SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Eu  gostaria de consultar para ver se eu poderia discutir na próxima Sessão, uma vez que já estava inscrito agora.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Parece-me que essa matéria deve ser discutida na próxima Sessão Extraordinária.

 

O SR. PRESIDENTE: Este Presidente respondeu a uma pergunta feita pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, dizendo que teremos cinqüenta minutos para a próxima Sessão, porque senão chegaremos no momento da Sessão Ordinária.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu até posso concordar com V.Exa., mas eu penso que a nova Sessão é que deve discutir as questões da nova Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Convocamos os Srs. Vereadores para uma Sessão Extraordinária às 13h10min.Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 13h08min.)

 

* * * * *